Estado de Minas/Vrum
A Fiat está comemorando seus 45 anos de história no Brasil, desde que em 1976 inaugurou sua planta em Betim. De lá para cá, a montadora viveu períodos de altos e baixos, enfrentando diferentes políticas econômicas e as variações do mercado mundial. Agora, em meio à pandemia da COVID-19, a Fiat se beneficia com a interrupção ou redução da produção de alguns de seus principais concorrentes, e, com isso, assume a liderança nas vendas de automóveis e comerciais leves no país, com 22,23% de participação. Em junho, a montadora teve cinco modelos entre os 10 mais emplacados, com a picape Strada na liderança geral.
Para Antonio Filosa, chefe de operações (COO) da Stellantis na América do Sul – grupo que engloba a Fiat Chrysler Automóveis (FCA) e a Peugeot/Citroën (PSA) –, a história da Fiat no Brasil reforça “a trajetória fantástica da marca fora do seu país de origem, a Itália”. Ele relembra que os 15 mil funcionários da planta de Betim já viveram momentos difíceis, mas nos últimos anos estão participando do processo de retomada. A marca Fiat foi deixada de lado no mercado brasileiro por algum tempo, depois da criação da FCA, que destacou os produtos Jeep.
Filosa relembra que há três anos a Fiat tinha 13% de participação no mercado brasileiro, mas com o projeto de retomada a situação foi mudando, principalmente depois da chegada da nova Strada, da fábrica de motores turbo e da nova Toro. “A comemoração dos 45 anos coincide com os bons resultados obtidos em junho, quando registramos 26,2% de market share (na soma de automóveis e comerciais leves)”, disse Filosa. Ele destaca que com a entrada da Fiat no segmento de SUVs, com o lançamento do Pulse em setembro e outro modelo no ano que vem, a tendência é melhorar ainda mais a participação da marca no mercado brasileiro.
Esta é a mesma opinião de Herlander Zola, diretor do Brand Fiat e Operações Comerciais Brasil, que relembra que desde 2007 a montadora não alcançava uma participação de mercado tão significativa quanto a registrada em junho. Ele lembra que a Fiat dobrou o volume de vendas no primeiro semestre em relação a igual período do ano passado, com um crescimento de 105%. “A renovação do portfólio e a modernização da marca contribuíram muito para que alcançássemos os bons resultados”, afirma Zola.
Emplacamentos
Em junho, a Fiat encerrou o mês na liderança do segmento de automóveis, com 19,93% de participação, seguida pela Volkswagen (14,12%), Hyundai (12,33%) e Jeep (10,19%). No segmento de comerciais leves a Fiat teve 49,29% de participação, bem distante dos 10,69% da VW e os 9,81% da General Motors. Na soma dos dois segmentos, a Fiat liderou em junho com 26,21% de participação, seguida pela VW (13,38%) e Hyundai (9,87%). No acumulado do ano, de janeiro a junho, a Fiat foi a marca que mais emplacou, somando automóveis e comerciais leves, com 22,23% de participação, à frente da VW (16,42%) e GM (12,38%).
Entre os 10 modelos mais emplacados em junho, a Fiat garantiu o primeiro lugar com a picape Strada, com 9.697 unidades, e o segundo com o Argo (9.382 unidades). Mas a marca ainda colocou no ranking dos 10 mais de junho o Mobi (7.529), a Toro (5.909) e o Cronos (5.404). No acumulado do ano, de janeiro a junho, os 10 mais emplacados foram Fiat Strada (61.064 unidades), Hyundai HB20 (45.408), Fiat Argo (41.926), Chevrolet Onix (41.510), Jeep Renegade (40.607), Fiat Mobi (39.356), VW Gol (36.969), Fiat Toro (34.089), Hyundai Creta (33.493) e Jeep Compass (32.554).
Nos seis primeiros meses do ano, a Fiat tem ainda o Uno na 17ª posição, com 15.340 unidades emplacadas, e o Cronos na 26ª colocação, com 10.249 unidades. O Fiat Mobi passou o VW Gol em junho e agora é o hatch compacto de entrada mais emplacado. O Fiat Argo também reagiu e já é o segundo hatch compacto premium mais emplacado, perdendo apenas para o Hyundai HB20, mas na frente do Chevrolet Onix, que ainda está com a produção interrompida, e do VW Polo, os principais concorrentes. No segmento de picapes, a Fiat é líder absoluta com a compacta Strada e a intermediária Toro, que vendem bem mais que os modelos médios.
Crescimento
Herlander Zola destaca o fato de a Fiat ter colocado cinco modelos entre os 10 mais emplacados em junho, chamando a atenção para a Toro, que teve um crescimento de 30% nas vendas depois do lançamento do modelo 2022, e também do Cronos, que vem melhorando sua participação nos últimos meses. O diretor do Brand Fiat destaca também o crescimento das vendas do Argo e do Mobi, dois hatches compactos que estão entre os mais vendidos.
Para o segundo semestre deste ano, Zola afirma que as expectativas são boas. Ele revela que uma das novidades será o Fiat 500 elétrico, um modelo de nicho, de pouco volume, mas muito importante para a marca. Outro destaque esperado para setembro será o Fiat Pulse, que chegará com o novo motor 1.0 turbo, inaugurando o segmento de SUVs compactos na marca, embora há quem diga que o modelo está mais próximo de um Argo aventureiro. A Fiat ainda prepara um SUV cupê, que será lançado em 2022.
De acordo com Zola, a Fiat traçou uma estratégia para se manter sólida no mercado, com um portfólio competitivo e foco nos SUVs. A ideia é tentar permanecer na liderança do mercado brasileiro por alguns anos. Ele concorda que o comprometimento da produção de marcas concorrentes nos últimos meses influenciou nos bons resultados da Fiat. “Mas é um fator circunstancial e temos que levar em consideração que todas as marcas foram prejudicadas pelo desabastecimento de componentes”, afirma Zola.
Questionado sobre quais os outros fatores que teriam levado a Fiat aos bons resultados no primeiro semestre, Zola disse que o lançamento da nova Strada foi um divisor de águas, ajudando a alavancar as vendas da marca. Mas ele destacou também o reposicionamento do portfólio, os preços, conteúdos, opcionais e versões dos modelos Fiat. “Tudo muito bem pensado para atender o público consumidor”, afirmou.
Para o diretor do Brand Fiat, os novos SUVs da marca, os motores turbo, que vão equipar outros modelos e o novo câmbio CVT vão ajudar a impulsionar ainda mais as vendas. “A falta de SUVs no portfólio da marca foi um problema por muito tempo, mas em breve isso vai começar a mudar”, afirma Zola. Com a chegada dos SUVs, ele acredita que a participação da Fiat no segmento de comerciais leves deve cair um pouco, mas mantendo os volumes atuais. Zola revela que a picape Strada quatro portas correspondem por 35% do volume vendido do modelo e que as versões de topo de linha têm boa procura.
Herlander Zola confirma que atualmente a Fiat não tem conseguido atender a demanda de pedidos dos consumidores. Ele ratificou a apuração do VRUM, revelando que a picape Strada demora cerca de 120 dias para ser entregue. Já a Toro pode levar de 45 a 90 dias para ser entregue. O diretor do Brand Fiat revelou que se o cliente optar por comprar o produto do estoque da concessionária, poderá recebê-lo mais rapidamente. Mas se fizer um pedido específico, a espera pode ser longa. “Nossa preocupação é com a acessibilidade, por isso estamos esforçando para produzir modelos para todos os bolsos”, concluiu. (Estado de Minas/Vrum/Enio Greco)