O Estado de S. Paulo
A Anfavea, entidade que representa as montadoras do País, estima que entre 100 mil e 120 mil veículos deixaram de ser produzidos no Brasil no primeiro semestre em razão da falta de semicondutores que vem paralisando as montadoras. Segundo o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, só no mês passado a queda na produção foi de 13,4%, no pior resultado em 12 meses, com 166,9 mil unidades.
A estimativa da Anfavea tem como base estudo do Boston Consulting Group (BCG), que indica que 162 mil veículos deixaram de ser produzidos pelas montadoras na América do Sul – de um total de 3,6 milhões de unidades no mundo inteiro – durante os seis primeiros meses de 2021. Partindo da premissa de que o Brasil representa entre 80% e 85% da produção no continente, e fazendo um ajuste, a Anfavea chegou ao número.
O mesmo estudo da BGC prevê entre 5 milhões e 7 milhões de unidades a perda de produção da indústria global de veículos durante todo o ano por causa da falta de itens eletrônicos.
A previsão é de que a normalização do fornecimento de chips – essenciais na produção de veículos, dado o avanço da eletrônica nos automóveis – só ocorra no segundo semestre de 2022.
Novas paradas. Até lá, as fábricas devem continuar a suspender produção por causa da falta do componente. A Volkswagen, que retornou de paradas totais de suas fábricas na semana passada, informou ontem que vai fechar novamente a unidade de Taubaté (SP) por 20 dias a partir do dia 12. Também dará férias coletivas aos funcionários do primeiro turno da unidade de São Bernardo do Campo (SP) a partir do dia 19.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, cerca de 1,5 mil trabalhadores ficarão em casa também por 20 dias.
Nesse cenário, a Anfavea revisou para baixo as previsões ao desempenho do setor. A expectativa de crescimento da produção de veículos no ano caiu de 25% para 22%, para um total de 2,52 milhões de unidades. As vendas devem aumentar 13%, em vez de 15%, para 2,32 milhões de unidades. Já as exportações vão crescer 20%, para 389 mil veículos.
No mês passado foram cortados 1,4 mil vagas no setor, a maioria de funcionários da Ford, que fechou suas fábricas no País. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Laguna e Cleide Silva)