Produção da indústria registra alta de 1,4%

O Estado de S. Paulo

 

Após um período de dificuldades em meio à segunda onda da pandemia de covid-19, a indústria brasileira mostrou reação em maio. A produção cresceu 1,4% em relação a abril, recuperando parte da perda de 4,7% acumulada nos três meses anteriores de retração. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

O relaxamento de restrições sanitárias em combate à disseminação da covid-19 e a reedição do pagamento do auxílio emergencial ajudaram o desempenho em maio, afirmou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.

 

“A questão da pandemia permanece, mas há claramente um relaxamento maior das questões sanitárias e restrições de mobilidade em relação a março e abril. Em abril, tem o pagamento do auxílio emergencial. Embora em magnitude muito abaixo do que foi pago no ano passado, é algo que incorpora um pouco de renda na economia. A grande questão é se isso vai permanecer”, disse Macedo.

 

A retomada da economia global e a recuperação da confiança dos empresários também contribuíram para a melhora em maio, acrescentou o economista Rodolfo Margato, da XP Investimentos, que estima nova expansão da indústria em junho, de 1,5%.

 

“É claro que existem riscos importantes (para os próximos meses), fatores que pesam no sentido contrário, como o atraso de entrega de matérias-primas em algumas cadeias, aumento de custos de alguns insumos como aço e o aumento da eletricidade. Mas, considerando tudo, há sinais de continuidade da recuperação”, disse Margato.

 

Na passagem de abril para maio, houve expansão em 15 dos 26 ramos industriais pesquisados. As maiores contribuições partiram de produtos alimentícios (2,9%), derivados do petróleo e biocombustíveis (3,0%) e indústrias extrativas (2,0%). “A alta em maio é incapaz de reverter perdas recentes do setor industrial. A trajetória descendente permanece”, afirmou Macedo, do IBGE.

 

O recrudescimento da pandemia de covid-19 no País e seus efeitos sobre a produção e a demanda doméstica ainda prejudicam o desempenho da indústria neste ano, afirmou Macedo. Ele disse ainda que a melhora em maio se deu em relação a uma base de comparação depreciada, o que inspira cautela.

 

Para Macedo, o baixo dinamismo da indústria atualmente é explicado em parte pela taxa de desemprego ainda bastante elevada no País, massa de salários sem avanços, renda mais baixa e inflação mais alta. “Isso tudo explica muito esse comportamento de 2021”, resumiu o gerente do IBGE. (O Estado de S. Paulo/Daniela Amorim e Cícero Cotrim)