Da fumaça ao escapamento que libera apenas água

O Estado de S. Paulo/Caderno Modalidade

 

Lá se vão 65 anos desde que o primeiro automóvel oficialmente produzido no Brasil, a perua DKW Vemaguet, saiu pelas ruas soltando rolos de fumaça, subproduto resultante da queima de gasolina misturada a óleo dois tempos. Em 1956, a perua inaugurou uma era que transformaria para sempre a feição do País. Atrás da fumaça do motor da DKW vieram Kombi, Fusca e diversos automóveis.

 

Muito foi feito em mais de seis décadas de história. “No início, a tecnologia era muito limitada”, relembra o jornalista Luiz Carlos Secco, um dos pioneiros na cobertura automotiva no Brasil. Naquele tempo, o importante era a capacidade de circular em terrenos ruins, já que o asfalto era artigo raro.

 

A evolução foi constante, embora muitas vezes bem mais lenta do que se desejava, e agora a indústria se prepara para as próximas metas. Conversamos com consultores e executivos do setor para saber como serão carros, fábricas, funcionários, concessionárias e clientes nos próximos capítulos dessa história. De acordo com o consultor Paulo Cardamone, da Bright Consulting, não há dúvida de que, mesmo no Brasil, o “futuro é 100% elétrico”.

 

Célula de hidrogênio 

 

No entanto, não necessariamente os automóveis serão equipados com baterias, que são pesadas, caras, geram problemas ambientais e demandam rede de abastecimento. Na visão dele, a saída está no hidrogênio, que pode ser gerado dentro do próprio carro, com base em biocombustíveis como o etanol.

 

“O carro a célula de combustível de hidrogênio produzido aqui poderia também ser exportado”, afirma. Seria uma inversão completa em relação ao que ocorre atualmente. Em linhas gerais, salvo exceções, o Brasil produz veículos mais simples e importa os mais sofisticados. Até hoje, no entanto, carros a célula de combustível ainda são inviáveis, economicamente.

 

Montadoras apostam em novos serviços 

 

Nos Estados Unidos, o Toyota Mirai, um dos poucos modelos que utilizam a tecnologia, custa US$ 49.500 (cerca de R$ 250 mil) ou o equivalente ao dobro do híbrido Prius. Esse tipo de automóvel utiliza motor elétrico e libera apenas vapor d’água pelo escapamento.

 

A entrada de montadoras no segmento de serviços é outra tendência que deve se intensificar, assim como a redução no tamanho das concessionárias, tanto em espaço físico como em quantidade. O ambiente virtual poderá fazer com que o cliente “visite” o carro sem sair de casa. São muitas novidades e adaptações a novos hábitos dos consumidores.

 

Alguns desses avanços deverão ser motivados por exigência dos novos compradores. Outros, por força de lei. Nas próximas páginas, exploramos esses e outros assuntos. (O Estado de S. Paulo/Caderno Mobilidade/Hairton Ponciano Voz)