BMW do Brasil está testando o carro elétrico i3 com motor gerador a etanol

Jornal do Carro

 

Enquanto Nissan e Volkswagen estudam desenvolver o carro elétrico movido a etanol, a BMW acaba de anunciar no Brasil um projeto que transforma o hatch i3 em um elétrico com motor gerador a álcool. A filial brasileira da marca alemã desenvolveu um protótipo do modelo com o extensor de autonomia alimentado exclusivamente por etanol.

 

O sistema usa um motor bicilíndrico de moto que atua apenas como gerador de eletricidade. Dessa maneira, permite que o motor elétrico funcione mesmo com as baterias descarregadas. Com a adoção do etanol, o i3 elétrico passa, assim, a ser neutro em emissões de CO2, já que os gases liberados pelo escape são reabsorvidos pelas plantações de cana-de-açúcar.

 

O nome desse carro é quilométrico: BMW i3 Zero Impact Emission CO2 Neutral Ethanol Range Extender. Mas pode chamar de BMW i3 a etanol. O hatch da BMW foi primeiro carro elétrico a ser vendido no Brasil, ainda em 2013. Ou seja, a novidade resgata o pioneirismo do modelo, que atualmente custa R$ 304.950. Seu motor original e totalmente elétrico tem 170 cv de potência (125Kw) e 25,50 mkgf de torque.

 

Motor de scooter no carro elétrico

 

O BMW i3 tem uma das versões conhecida como i3 Rex, de Range Extender, ou extensor de autonomia. Assim, esse BMW i3 Rex usa um motor a combustão de scooter, de dois cilindros e 650 cc (0,6 litro), que não traciona as rodas, mas apenas gera carga extra às baterias do veículo, ampliando a autonomia em até 60 quilômetros.

 

Sendo assim, é este motor que está sendo trabalhado pela engenharia da BMW do Brasil para trabalhar apenas com etanol. Isso porque, segundo a assessoria da BMW, a proposta é ser “neutro em emissão de CO2”.

 

Sem data para chegar às lojas

 

De acordo com a BMW, o i3 com extensor a etanol tem alterações no cabeçote do motor, bem como maior taxa de compressão, que salta de 10:1 para 14:1. Assim, o fabricante usa a vantagem de maior resistência a detonação do etanol para conseguir um aumento de eficiência.

 

Dessa forma, a substituição da gasolina pelo etanol neutraliza a emissão de CO2 na atmosfera, uma vez que os gases serão reciclados na produção da cana-de-açúcar, matéria-prima do combustível no Brasil.

 

A engenharia da BMW desenvolveu o motor em parceria com a empresa AVL do Brasil. A ideia é apresentar o i3 Rex a etanol no 19º Simpósio SAE BRASIL de Powertrain, que acontece nos dias 29 e 30 de junho, reunindo engenheiros e especialistas da indústria. Por outro lado, a BMW não vai comercializar o modelo no curto prazo.

 

Falta de incentivos no Brasil prejudica

 

De fato, uma das vantagens práticas do projeto é se valer de postos de abastecimento normais. Isso permite novos deslocamentos, além de popularizar e ampliar a adoção do elétrico no Brasil. Nesse sentido, a ausência de políticas de incentivos oficiais em ampla margem torna os veículos elétricos caros e raros no país. Da mesma forma, dificultam as vendas e novas soluções e projetos pela indústria.

 

Porém, no cenário global, a BMW afirmou ter compromisso de ter 50% das suas vendas globais compostas por carros eletrificados até 2030. Ainda no mesmo prazo, precisa reduzir a emissão de CO2 em 80% na produção dos seus veículos, 40% no uso e 20% na cadeia de fornecedores, na comparação com 2019. São metas semelhantes a de rivais como a Audi, que colocou como meta o ano de 2026 para virar a chave da eletrificação. (Jornal do Carro/Eugênio Augusto Brito)