Exportações e eletrificação nortearão Nissan no Brasil

AutoIndústria

 

Airton Cousseau, presidente da Nissan Mercosul e diretor-geral da Nissan Brasil há apenas três meses, já tem planos bem delineados para a montadora aqui. O executivo brasileiro, que acumula quase oito anos no grupo e passagens por mercados da América Latina, América do Norte e também na China, quer fazer da marca japonesa a líder de vendas de veículos elétricos no País e da fábrica de Resende, RJ, a base exportadora para a América do Sul.

 

Veículos elétricos ainda são caros, de oferta restrita e vendas marginais no mercado brasileiro. A ambição de Cousseau para que a Nissan se destaque no segmento, assim, tem mais a ver com a expectativa do papel que a tecnologia exercerá nas vendas no médio prazo.

 

O executivo já ouviu de consultorias que os modelos eletrificados, que incluem também os híbridos, podem representar 14% dos licenciamentos já em 2025. Particularmente no caso da Nissan, que já oferece o elétrico Leaf, o presidente da montadora entende que os eletrificados serão a quase totalidade dos negócios da marca no Brasil daqui a 10 anos.

 

Nesse sentido, encaminha vários movimentos. A empresa não esconde que já trabalha no desenvolvimento de motorização híbrida para o Kicks nacional e, paralelamente, em parceria com universidade catarinense, de uma célula de combustível a etanol, projeto que será oficialmente apresentado na próxima segunda-feira, 14. “Mas não vejo uma tecnologia predominante no Brasil do futuro. Teremos várias possibilidades.”

 

O Kicks também será essencial para o outro pilar de atuação da Nissan sob o comando de Cousseau. O SUV, que acaba de passar por sua primeira reestilização e responde por 58% das vendas internas da marca, foi escalado como ponta-de-lança da aceleração das exportações da operação brasileira para a América do Sul.

 

Em 2020, somente 7,3 mil veículos brasileiros da marca chegaram a mercados como Argentina e Paraguai, 14% dos 52 mil produzidos em Resende. “Não vejo o porquê de o Brasil ser o sétimo maior polo mundial e não exportar quase nada”, afirmou Cousseau em seu primeiro encontro virtual com a imprensa nesta terça-feira, 8.

 

Apesar dessa afirmação, o executivo admitiu que uma de suas preocupações é aumentar o nível de nacionalização do Kicks como meio de buscar custos mais competitivos. A exportação seria fundamental também para ganhos de escalas. A produção de poucos modelos na planta brasileira – hoje são apenas dois – também colaboraria nesse sentido.

 

Parada forçada

 

A Nissan deixará de produzir pelo menos 1,2 mil veículos em Resende em junho. O motivo é o mesmo que tem atordoado a indústria automotiva em todo o mundo: falta de semicondutores.

 

Segundo Cousseau, a produção foi interrompida na sexta-feira, 4, e ontem. As linhas também permanecerão inativas nos dias 11, 16 e 17 de junho.  Em julho, afirma o executivo, o ritmo de 250 veículos diários que vinha sendo desenvolvido nos últimos meses deve ser recuperado. “Mas há duas ou três semanas também esperávamos que em junho estaria tudo bem”, pondera Cousseau com bom humor. (AutoIndústria/George Guimarães)