Consumidores e empresários mais confiantes

O Estado de S. Paulo

 

Com alta de 7,9 pontos no mês, o Índice de Confiança Empresarial (ICE) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV) alcançou 97,7 pontos em maio, seu maior nível desde março de 2014, nas vésperas da recessão que se estenderia por dois anos. Depois de despencar para menos de 60 pontos no pior momento da pandemia, o ICE mostrou forte recuperação até setembro, quando chegou a 97,5 pontos, mas perdeu vigor. Agora, recupera sua força.

 

O resultado de maio “consolida a recuperação esboçada no mês anterior”, diz o superintendente de Estatísticas do IBRE/FGV, Aloisio Campelo Jr. Dos componentes do ICE, Campelo destaca a confiança no comércio e nos serviços, “dois segmentos que sofreram muito em março com a piora dos números da pandemia no Brasil e a adoção de medidas de restrição à circulação”.

 

Numa síntese dos índices de confiança de maio, o IBRE/FGV mostrou que também o do consumidor avançou, mas ressalva que ele continua em nível muito baixo. De fato, esse índice se mantém abaixo de 80 pontos. É grande a diferença entre a avaliação do empresariado e a dos consumidores. “A distância de 21,5 pontos entre a confiança dos empresários e dos consumidores é a maior desde 2005”, observa o documento.

 

A “notável capacidade de adaptação das empresas ao cotidiano de restrições sanitárias” é apontada pela instituição como fator importante para impulsionar o setor produtivo no primeiro semestre do ano.

 

Mas a avaliação da situação atual e as expectativas por parte dos consumidores, embora mostrem recuperação desde abril, não podem ser interpretadas como garantia de mais consumo e maior confiança. “O nível muito baixo desses indicadores continuam a retratar um consumidor preocupado com a pandemia e cautela nos gastos”, avalia o IBRE/FGV.

 

O avanço da vacinação ajuda a reduzir o pessimismo, mas a preservação do otimismo com relação ao desempenho da economia está condicionada à evolução dos números da pandemia. Os mais recentes não são estimulantes.

 

O quadro econômico, que ganhou brilho com os dados do PIB do primeiro trimestre, pode melhorar todos os índices, mas “o risco de uma terceira onda de covid-19 continua no radar nos setores mais dependentes da circulação de clientes”, diz Campelo. (O Estado de S. Paulo)