Montadoras apostam nos lançamentos de utilitários esportivos

A Tarde

 

Não é exagero dizer que o segmento de SUVs se multiplica. De uma participação de 24,3% em 2018, eles fecharam 2020 com 32,7% e até abril passado representavam 38,4% do mercado. Todos querem fazer parte desta categoria, que é hoje a mina de ouro das montadoras, por aliar boas vendas e alto valor agregado (custam a partir de R$ 70 mil).

 

E um dos motivos desse fenômeno da multiplicação é a ampliação dos subsegmentos: SUV compacto, SUV médio, SUV grande e o que mais o mercado “inventar”. Este ano, o consumidor amplia seu leque de opções com reestilizações, modernizações e lançamentos de novos produtos.

 

Na semana passada, a Volkswagen iniciou a pré-venda do Taos, SUV médio produzido na Argentina e que vem a compor seu portfólio já bem recheado, desde o Nivus (nacional, lançado em 2020), T-Cross (nacional, de 2019) e Tiguan (a nova geração vinda do México acaba de ser apresentada e deve chegar aqui apenas em 2022).

 

Taos entra no páreo

 

Chamado de anti-Compass, o Taos já não era tão novidade, porque vinha sendo apresentado em doses homeopáticas desde meados do ano passado. Vendido em duas versões e uma edição especial de lançamento, o SUV grande é feito sobre a mesma plataforma (MQB) do Jetta e Tiguan, e vai se posicionar entre o T-Cross e o Tiguan. Por isso, além do Jeep, terá outro forte rival no encalço: o Toyota Corolla Cross, lançado em março, que leva vantagem de ter uma versão híbrida.

 

Com medidas ligeiramente acima dos rivais, o SUV da Volks também tem mais distância entre-eixos (mais espaço para as pernas no banco de trás) e bagageiro maior (leva 498 litros contra 476 litros do Compass e 440 litros do Corolla Cross).

 

O motor é único para as versões: o já conhecido 1.4 TSI flex (com turbo e injeção direta) de 150 cv, junto ao câmbio automático de seis marchas e tração dianteira. Para conforto e segurança, traz entre itens de série e opcionais sistema multimídia VW Play, com tela de 10,1”, carregador para smartphones sem fio, teto solar panorâmico, seis air bags, sistema de frenagem de emergência com detecção de pedestres, detector de fadiga, controlador de velocidade adaptativo com função Stop&Go e alertas de tráfego cruzado e de ponto-cego, entre outros.

 

A versão Comfortline parte de R$ 154.990 e a Highline sai a R$ 181.790. Ainda na seara dos SUVs grandes, o Taos tem a missão de tirar a liderança do reestilizado Jeep Compass, com preços entre R$ 140 mil e R$ 217 mil, incluindo versões a diesel e tração 4×4, que o Taos não tem. Além disso, a Jeep passou a oferecer um motor flex mais eficiente e turbo (1.3 de 185 cv, mas potente que o do Volks) e sua versão top, a S, custa R$ 187.990.

 

Em relação ao Toyota, o Taos perde em preço. O Corolla Cross começa em R$ 144 mil na versão 2.0 Flex de 177 cv, também mais potente, e sua versão híbrida sai a R$ 185 mil.

 

No andar de cima, a Jeep ainda dará uma cartada com o lançamento do Commander, nome oficial do futuro SUV de sete lugares que a marca diz ser o mais tecnológico, este para brigar com o Tiguan. Aguardado para o segundo semestre, divide a mesma plataforma dos demais Jeeps feitos em Goiana (PE), além da Fiat Toro, assim como deve aproveitar o novo motor turboflex e turbodiesel dos demais.

 

Ainda dentro do grupo Stellantis, são esperados ainda um SUV da Citroën (compacto, baseado na plataforma do novo C3) e mais um Fiat, de design cupê para brigar com o VW Nivus.

 

Torque poderoso

 

No segmento de entrada dos SUVs, os compactos, também há novidade. Com boa parte de lançamentos no ano de modelos mais caros e maiores, a Caoa Chery, com fábrica em Jacareí (SP), mira nos SUVs compactos com a chegada do 3x. Baseado na plataforma do Tiggo 2, o 3x é uma evolução da espécie. Com design frontal mais ousado e nova motorização, o Chery vem bem recheado em apenas duas versões: Plus (R$ 94.990) e Pro (R$ 99.990). Desta forma, fica posicionado entre o Tiggo 2 e o Tiggo 5x

 

Com 4,20 m de comprimento, 2,55 m de entre-eixos e porta-malas de 420 litros, a proposta do 3x é mudar um pouco a percepção dos brasileiros em relação ao powertrain, que valorizam “culturalmente” a potência. No novo Tiggo, um carro de vocação urbana, o 1.0 turbo de três cilindros quer atrair consumidores pelo torque: são 17,1 kgfm a 2.000 rpm (com etanol) e 16,8 kgfm a gasolina, força comparável à de modelos de maior cilindrada. A potência é de 102 cv a 5.000 rpm no combustível vegetal e 98 cv a gasolina.

 

Vale a pena destacar também sua nova transmissão CVT de nove velocidades, que deixou o carro ágil para rodar na cidade e

 

enfrentar ladeiras, e também no consumo, componente importante para o segmento: no padrão do Inmetro, o 3x faz com etanol 7,8 km/l na cidade, e 8,5 km/l na estrada. Com gasolina, 11,2 km/l (urbano) e 12,2 km/l (rodoviário).

 

Entre os equipamentos de série, as duas versões contam com direção elétrica, modo de condução econômica, aviso de cinto de segurança do motorista desafivelado, monitores de pressão e temperatura dos pneus, sensor traseiro de estacionamento, assistente de partida em rampa, assistente de descida, controles de tração e estabilidade, alerta de frenagen de emergência, multimídia de 9”, rodas de alumínio de 16” e piloto automático. A Pro se diferencia pelos faróis de LED, revestimento de couro sintético, painel digital de 7”, chave presencial, climatização a distância e câmera traseira.

 

A Caoa também quer crescer no atendimento: das atuais 115 lojas, planeja fechar o ano com 150, cobrindo principalmente cidades menores onde não está presente. (A Tarde/Lúcia Camargo Nunes)