O Estado de S. Paulo
Alinha de financiamento de R$ 500 milhões para manutenção de veículos e compra de pneus BNDES Crédito Caminhoneiro liberou, em dois anos só R$ 6 milhões, ou seja, 1,2% do total. Lançada em abril de 2019 pelo governo federal para enfrentar uma ameaça de greve de caminhoneiros, a linha de crédito aproxima-se do fim de sua vigência – prevista para 8 de junho – como um fiasco. Sem disponibilizar os dados e já com encaminhamento de pedido pela Lei de Acesso à Informação –, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disse que, “entre junho de 2019, mês de início da operacionalização, e março de 2021, as aprovações alcançaram o montante de R$ 7 milhões (os desembolsos até o momento foram de R$ 6 milhões) para 188 operações”.
Conseguiram?
O presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, o Chorão, um dos líderes da greve que parou o País em maio de 2018, se surpreende até mesmo com a informação de que houve desembolso, embora baixo. “Não conheço ninguém que tenha conseguido. Se o BNDES diz que teve liberação, tem de mostrar quem conseguiu”, afirma.
Pela estrada
Os caminhoneiros esbarraram em obstáculos para obter o empréstimo. Segundo Chorão, gerentes de bancos diziam que a linha não estava disponível e alegavam riscos para não conceder os empréstimos. A Abrava vai encaminhar ofício ao Ministério da Economia propondo a extensão do prazo e mudanças na linha.
Não chegou
Em 2019, o então ministro da Casa Civil Onix Lorenzoni disse que, de início, Banco do Brasil e Caixa ofertariam a linha especial de financiamento, que depois ficaria disponível também nos “demais bancos e cooperativas de crédito do Brasil”. O fato é que nem os bancos públicos nem os privados demonstraram muito interesse em operar a linha de crédito, mesmo com a participação do BNDES de até 100% do financiamento. (O Estado de S. Paulo/Irany Teresa, Cynthia Decloedt, Circe Bonatelli e Daniela Amorim)