País gera 184 mil vagas formais em março, diz Caged

O Estado de S. Paulo

 

O mercado de trabalho formal no País ficou positivo em março, com a criação líquida de 184.140 vagas com carteira assinada no mês. O resultado, porém, representou uma queda no ritmo de contratações, após a abertura de 395.166 postos em fevereiro.

 

O resultado do mês passado decorreu do saldo entre 1,608 milhão de admissões e 1,423 milhão de demissões. No acumulado dos três primeiros meses de 2021, o resultado do Caged está positivo em 837.074 vagas. No mesmo período do ano passado, a criação líquida de vagas havia sido de 108.825 postos formais.

 

O Caged trata apenas do mercado formal, com carteira. Já o mercado de trabalho brasileiro é formado, na sua maior parte, pelo trabalho informal – daí a diferença com os números do IBGE, que continua a mostrar alta do índice geral de desemprego.

 

O resultado de março foi novamente puxado pelo desempenho do setor de serviços, com a criação de 95.553 postos formais, seguido pela indústria geral, que abriu 42.150 vagas. Já a construção civil abriu 25.020 vagas em março, enquanto houve um saldo de 17.986 contratações no comércio. Na agropecuária, foram criadas 3.535 vagas no mês.

 

A geração de vagas formais também está sob o impacto do programa do governo que permitiu às empresas cortarem salários e jornadas e suspenderem os contratos. Como contrapartida, o governo dificultou as demissões pelo mesmo número de meses em que os trabalhadores foram atingidos com uma das duas possibilidades.

 

De acordo com o Ministério da Economia, 3,152 milhões de trabalhadores seguiam com garantia do emprego em março graças às adesões em 2020 ao Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEM).

 

Para cada mês de suspensão ou redução de jornada no ano passado, o trabalhador tem o mesmo período de proteção à sua vaga. Agora em abril, 2,916 milhões de trabalhadores ainda contam com essa proteção.

 

Previsões

 

O secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, evitou fazer previsões, mas admitiu uma redução no ritmo de contratações em abril. “Pessoalmente, digo que pode haver uma tendência de queda por conta dos fechamentos (novas medidas de lockdown anunciadas desde março por governadores e prefeitos), mas isso não é uma projeção”, respondeu.

 

O economista sênior do Banco ABC Brasil, Daniel Xavier, também espera uma continuidade da desaceleração no ritmo de abertura de vagas formais de emprego no segundo trimestre, mantendo o saldo levemente positivo. “O resultado de março corrobora que os choques observados na atividade em boa parte do mês de março, devido à pandemia de covid-19 em paralelo a medidas restritivas, resultaram em perda de ímpeto de contratações”, avaliou.

 

Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Brasil já ultrapassou o nível de emprego formal pré-pandemia, com um estoque de mais 40,2 milhões de carteiras assinadas em março. “São excelentes notícias novamente no front da economia, todos os setores e regiões criaram empregos. Ao contrário da primeira onda que nos atingiu no ano passado e destruiu 276 mil empregos em março, a nossa reação à segunda onda foi a criação de 184 mil novos empregos no setor formal.”

 

Para o secretário de Trabalho da pasta, Bruno Dalcolmo, mesmo que haja um impacto da segunda onda da pandemia no Caged de abril, seguramente esse efeito será menor que o observado em abril de 2020. “Houve algumas medidas de fechamento de unidades empresariais e de serviços em alguns Estados, mas essa não é a realidade nacional homogênea.”

 

Desde janeiro do ano passado, o uso do Sistema do Caged foi substituído pelo Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (esocial) para as empresas, o que traz algumas diferenças na comparação com resultados dos anos anteriores. Na metodologia anterior (de 1992 a 2019), o melhor resultado para março na série sem ajustes havia sido em 2011, quando foram criadas 280.799 mil vagas no terceiro mês do ano. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Rodrigues, Lorenna Rodrigues e Thaís Barcellos)