O para e anda nas linhas de montagem das montadoras no Brasil

Estado de Minas/Vrum

 

Se você tem o hábito de acessar os sites das montadoras e usar a ferramenta “monte o seu” para descobrir o conteúdo e o preço de determinados modelos, corre o risco de se surpreender em algumas marcas. É que alguns modelos saíram de linha e ainda não foram substituídos, deixando o site do fabricante com um número reduzido de opções. Mas há também caso de modelo que deixou de ser produzido por falta de componentes e por isso foi retirado temporariamente da opção “monte o seu”.

 

Foi o que aconteceu com o Chevrolet Onix, que durante alguns anos foi o campeão de vendas no país, mas em março foi ultrapassado pela picape Fiat Strada. O modelo ficou indisponível no site da Chevrolet (chevrolet.com.br) por alguns dias e não constava nem mesmo na opção “monte o seu”. Reapareceu recentemente, já como linha 2022, com preços que vão de R$ 65.530 (versão LT) a R$ 88.890 na versão topo de linha Premier Turbo 2. Já o Chevrolet Onix Plus 2022 tem preços a partir de R$ 76.060.

 

Recentemente, a General Motors divulgou uma à imprensa explicando a situação da linha Onix no Brasil: “A cadeia de suprimentos da indústria automotiva na América do Sul tem sido impactada pelas paradas de produção durante a pandemia e pela recuperação do mercado mais rápida que o esperado. Isso está afetando de forma temporária nosso cronograma de produção na fábrica de Gravataí (RS). A produção nesta unidade será interrompida nos meses de abril e maio, podendo ter efeitos em junho, retornando ao volume de produção regular em julho. A falta de peças também está afetando de forma temporária e parcial nosso cronograma de produção na fábrica de São José dos Campos (SP). Diante disso, a fábrica passou a operar em um turno desde 8 de março. A medida tem duração prevista de dois meses”.

 

Na prática, fica interrompida a produção do Onix e Onix Plus na fábrica de Gravataí, fato que vai afetar ainda mais as vendas dos modelos no mercado brasileiro. Em março, de acordo com o relatório mensal da Fenabrave, foram emplacadas 7.933 unidades do Onix, número bem menor do que o registrado em fevereiro, de 10.260. No acumulado do ano, foram emplacadas 28.759 unidades do Onix, que perdeu o posto de modelo mais vendido no Brasil para a picape Fiat Strada, com 28.869. Com o Onix Plus não é diferente, já que as vendas do sedã compacto caíram de 6.501 em fevereiro para 5.450 unidades em março.

 

Já a picape Chevrolet S10 e o SUV Trailblazer estão com a produção parcialmente comprometida na fábrica da GM em São José dos Campos (SP), também por falta de peças. As vendas da picape média caíram de 1.602 em fevereiro para 1.409 em março. Já o SUV grandalhão não teve queda nos emplacamentos, mas apresenta números bem baixos, 121 em fevereiro e 139 em março.

 

Adeus, UP!

 

Na semana passada, a Volkswagen deu a dica de que o subcompacto up! estava saindo de linha ao retirar o nome do modelo entre as opções do “monte o seu” no site da marca. A montadora justificou o fim da produção do carrinho alegando uma readequação de sua linha de produtos. Mas, na prática, o up! não vinha performando bem no mercado brasileiro. Em 2020, foi o 46º modelo mais emplacado, com um total de 6.924 unidades. Este ano, as vendas do subcompacto caíram de 762 unidades, em fevereiro, para 563, em março, totalizando 1.839 no acumulado. O VW up! é um projeto que se destaca pela segurança e eficiência do conjunto mecânico, mas seu preço alto o condenou no mercado.

 

Importadora

 

Situação mais complicada ainda se percebe no site da Ford, que assumiu de vez a condição de importadora no Brasil desde que fechou suas fábricas por aqui. Os modelos Ka, Ka Sedan e EcoSport já não estão mais disponíveis no site da marca, onde o “monte o seu” apresenta apenas a picape Ranger (a partir de R$ 166.790), os SUVs Territory (R$ 179.900) e Edge ST (R$ 351.950), e o esportivo Mustang Black Shadow (R$ 396.900). Mas a marca deve lançar em maio outro SUV, o Bronco Sport, produzido no México, para aumentar sua gama de produtos.

 

E os modelos da Ford que deixam de ser produzidos no Brasil saem do mercado de maneira melancólica. Aquele que já foi o “SUV queridinho” do país, o EcoSport, é o 13º modelo mais emplacado no segmento, com 526 unidades em fevereiro, 315 em março, e 2.417 no acumulado do ano. Já o Ford Ka teve 1.488 unidades emplacadas em fevereiro, 1.257 em março e 6.178 unidades nos três primeiros meses do ano. Situação pior é a do Ka Sedan, que teve 280 unidades emplacadas em fevereiro, 222 em março e apenas 1.436 unidades no acumulado do ano. Vale lembrar que a montadora e as concessionárias da marca ainda devem ter os modelos em estoque. Mas resta saber se terão consumidores interessados nos modelos fora de linha.

 

À francesa

 

No “monte o seu” do site da Citroën a situação também é melancólica. No segmento de veículos de passeio, a única opção é o C4 Cactus, com preços de R$ 96.490 a R$ 124.990. Abaixo, aparece a “linha profissional”, com os modelos Jumpy Furgão, Jumpy Minibus, Jumpy Vitré e Jumper Furgão. Espera-se que essa situação da marca francesa no Brasil sofra uma reviravolta ainda este ano, já que o novo C3 está em testes no país e deverá ser lançado no segundo semestre, com motor 1.6 aspirado, se posicionando abaixo do C4 Cactus, que a princípio permanece em linha. Na Europa, o modelo saiu de linha e foi substituído pela nova geração do C4, porém, sem usar o sobrenome Cactus.

 

A Citroën é uma das marcas do grupo Stellantis (leia-se FCA e PSA) e desenvolve o projeto Smart Car, que além do novo C3 deverá lançar dois outros modelos com a plataforma modular CMP: um hatch e um sedã. A ideia é que a Citroën produza veículos de passeio direcionados a países emergentes, como Índia, Brasil e outros da América Latina. A marca francesa vem passando por momento delicado no mercado brasileiro, com pouquíssimas opções de modelos em estoque na sua rede de concessionárias e vendas em baixa. Para se ter uma ideia, o Citroën C4 Cactus emplacou apenas 2.199 unidades nos três primeiros meses deste ano.

 

SUV no lugar de hatch?

 

Desde que deixou de ser produzido na fábrica de Resende (RJ), em setembro do ano passado, o Nissan March foi saindo discretamente do site da marca e do mercado brasileiro. De janeiro a março deste ano, foram emplacadas apenas 58 unidades do modelo. O March foi reestilizado no México e na linha 2022 ganha visual que segue o estilo do Versa. Mas é pouco provável que o hatch reestilizado venha para o Brasil. A expectativa é de que a marca comercialize por aqui o Magnite, SUV compacto que foi lançado na Índia e que também é direcionado para mercados emergentes.

 

Irmão feio

 

Outro modelo que se despede do mercado brasileiro é o Toyota Etios, que foi lançado por aqui em setembro de 2012, como um projeto vindo da Índia, com estilo pouco atrativo. O hatch e o sedã não estão mais no site da marca, já que a comercialização de ambos foi encerrada este mês. O modelo de entrada passa a ser o Yaris, também com carrocerias hatch e sedã, equipado com motores 1.3 e 1.5, associados ao câmbio manual de seis marchas ou automático de quatro velocidades. O Etios perdeu muito espaço no mercado depois da chegada do Yaris. De acordo com o relatório da Fenabrave, de janeiro a março deste ano foram emplacadas 831 unidades do hatch e 856 do sedã. O modelo deixou de ser produzido na fábrica de Sorocaba para dar lugar ao Corolla Cross, novo SUV médio da marca. (Estado de Minas/Vrum/Enio Greco)