Falta de semicondutores ameaça recuperação da indústria automotiva

A Tarde

 

Impossível analisar cenários da indústria automotiva no Brasil, em meio à segunda onda da pandemia de Covid-19, sem deixar em evidência palavras como instabilidade e incerteza. Os analistas e os fatos recentes revelam uma realidade dura e a recuperação nos indicadores de produção e vendas, na melhor das hipóteses, no segundo semestre de 2021.

 

O momento presente é propício às vendas, porque o carro é objeto do desejo daqueles que mantiveram o poder de compra. Por apresentar maior risco de contágio, o transporte público passou a ser rechaçado por uma parcela significativa da população, os serviços de aplicativo também. O natural seria ter as concessionárias de automóveis, e de motos, com recordes de vendas.

 

Mas não é isso que acontece, justamente quando o mercado ensaiava a retomada, a demanda está muito longe da oferta. E o que se vê são as filas de espera para compra de carro zero, seminovo, usado e até motos, além dos preços mais altos. Entre a segunda quinzena de março e a primeira semana de abril, 18 fabricantes de carros, caminhões, ônibus e motocicletas no Brasil decidiram paralisar suas atividades, de cinco a 12 dias.

 

Algumas pararam alinhadas às medidas restritivas adotadas pelas prefeituras das cidades onde estão instaladas, para conter a pandemia, outras foram paralisadas pela falta de componentes. E isso não aconteceu apenas no Brasil, o problema é global.

 

A falta de semicondutores obrigou a Ford e a General Motors a parar a produção nos Estados Unidos.

 

A Ford anunciou que a falta de semicondutores deve reduzir o ritmo de produção em quatro fábricas. A linha de montagem da F-150 em Dearborn também pode ter parada. A GM anunciou a reativação das linhas de montagem de picapes a partir de segunda-feira (12/4), mas já houve comunicado de novas paralisações.

 

Um banho de água fria na recuperação da indústria. De acordo com a Anfavea, a indústria produziu 597,8 mil automóveis no primeiro trimestre deste ano, e 585,9 mil em no mesmo período de 2020: um tímido avanço de 2%. A consequência é o desabastecimento do mercado, gerando represamento no consumo, aumento dos preços e incertezas sobre a retomada. (A Tarde)