O Estado de S. Paulo
Não fossem os leilões de concessão de obras e serviços públicos no setor de transportes realizados nos dois primeiros trimestres do ano pelos governos estadual e federal, os investimentos anunciados no Estado de São Paulo registrariam uma queda notável em 2020. Além de incertezas sobre a evolução da economia que naturalmente balizam as decisões de investimentos, o surgimento dos primeiros casos no País de contaminação pelo novo coronavírus e, em seguida, a declaração da pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS) tornaram o empresariado ainda mais cauteloso a partir de março.
Assim, os anúncios de investimentos no Estado despencaram ao longo do ano, como mostra pesquisa da Fundação Seade. No primeiro trimestre, os investimentos anunciados em infraestrutura alcançaram cerca de R$ 15 bilhões; no segundo, reduziram-se pela metade, para cerca de R$ 7,5 bilhões; e, no terceiro, baixaram para cerca de R$ 2 bilhões.
O resultado dos três trimestres de 2020, de cerca de R$ 25 bilhões, é bem inferior ao do mesmo período do ano anterior, de cerca de R$ 35 bilhões, uma queda de quase 30%.
O total acumulado do ano passado deve apresentar queda proporcionalmente ainda maior, pois o último trimestre de 2019 foi o que apresentou o maior volume de investimentos no ano, de quase R$ 20 bilhões. Entre os subsetores, o que recebeu a maior parte dos recursos anunciados nos últimos meses de 2019 foi o de transporte aéreo.
É praticamente certo que isso não terá acontecido nos últimos três meses de 2020. Foi um período ainda marcado pela crise econômica provocada pela pandemia.
Os dois maiores empreendimentos que tiveram investimentos anunciados no ano passado destinam-se a melhorar o fluxo de mercadorias por diferentes modais de transportes e a reduzir custos de logística. Ambos praticamente cruzam o Estado de leste a oeste. O primeiro, anunciado em janeiro, envolve investimentos de R$ 14 bilhões no lote rodoviário Piracicaba-Panorama, abrangendo 12 rodovias, no total de 1.273 quilômetros.
Em maio, foi anunciado um programa de R$ 6 bilhões para reestruturar a malha rodoviária Paulista, entre Santa Fé do Sul e o Porto de Santos. O projeto inclui duplicação e reativação de trechos e obras variadas, inclusive de modernização de via, além de compra de vagões e locomotivas. (O Estado de S. Paulo)