Decisão de gigante americana pega sindicatos de surpresa

O Estado de S. Paulo

 

O anúncio do fechamento das fábricas da Ford em Taubaté (SP), Camaçari (BA) e Horizonte (CE) pegou de surpresa os sindicatos que representam os trabalhadores afetados.

 

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, Júlio Bonfim, se pronunciou em vídeo no Facebook, na tarde de ontem. “É muito difícil. Foi algo que bateu agora nas nossas costas de forma muito forte, estamos tentando ainda absorver essa porrada, algo que a gente nunca imaginaria que aconteceria no Brasil”, disse.

 

Segundo Bonfim, 12 mil empregos, diretos e relacionados ao setor de autopeças, serão afetados pelo fechamento na região metropolitana de Salvador. Entre as unidades a ser encerradas, a baiana é a que concentrava o maior número de trabalhadores.

 

A mensagem foi gravada por ele após uma reunião com a presidência da Ford na América do Sul, a chefia de recursos humanos e representantes e dirigentes sindicais da fábrica.

 

Bonfim não deu detalhes sobre a conversa, mas anunciou uma assembleia para as 5h30 de hoje, na porta da Ford, em Camaçari, para dar direcionamentos, tirar dúvidas e repassar informações da reunião para os trabalhadores. “É pedir a Deus que a gente consiga construir soluções, por mais que a empresa bata aqui na mesa e diga que é um encerramento sem nenhum tipo de intervenção.”

 

O Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté realizou uma assembleia geral ainda no fim da tarde de ontem para discutir o assunto. A reportagem não conseguiu ainda contato com os representantes dos trabalhadores da fábrica de Horizonte.

 

O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, considerou absurda a decisão da Ford de fechar suas operações no Brasil e cobrou reação de diferentes esferas de governo. Para a entidade, a companhia agiu sem dialogar com os sindicatos e demonstrou “total falta de sensibilidade social”.

 

“É um absurdo a Ford encerrar sua produção no Brasil, fechando mais de 7 mil postos de trabalho, diretos e indiretos, e aumentando ainda mais a tragédia social no País causada pelas persistentes crises econômica e pandemia do coronavírus”, afirmou Torres. “Esperamos que o governo federal e os governos estaduais de São Paulo, da Bahia e do Ceará intervenham para cobrar da Ford o compromisso produtivo com o País e um recuo diante de um anúncio tão grave como este”. (O Estado de S. Paulo/Érika Motoda, Marina Aragão, Mayara Barbosa e Anne Warth)