O Estado de S. Paulo
A falta de insumo não acomete apenas nas montadoras, mas é um problema que está sendo identificado em diversas cadeias produtivas nos últimos meses no País. No setor de máquinas e equipamentos, por exemplo, uma pesquisa setorial elaborada neste mês mostrou que 23% das 1,6 mil empresas do setor correm risco de parar por falta de fornecimento de matéria-prima, enquanto 37% já sofreram algum tipo de paralisação no processo produtivo nos últimos meses. O levantamento mostrou ainda que 43,5% das companhias estão recebendo como estimativa o prazo de até cinco semanas para entrega de aço.
O problema de desabastecimento começou em setembro, segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso. No momento, a crise maior está concentrada, segundo ele, naquelas empresas que não compram diretamente das siderúrgicas por não ter escala e, por isso, fazem aquisição na rede de distribuição de aço.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz, diz que o problema de desabastecimento observado agora pode representar apenas o início de uma falta de plástico, caso o crescimento da economia brasileira se sustente entre 2% e 3% anualmente. Roriz explica que, hoje, a indústria do plástico está trabalhando com uma capacidade até 30% menor do que poderia, já que também está enfrentando um problema de falta de insumos, no caso o polipropileno e o PVC.
“Atendemos os setores de embalagens de alimentos, saúde, indústria automobilística. Estamos presentes em toda a economia. Não estamos conseguindo atender a maior demanda. Isso não está acontecendo pela falta de capacidade, mas por falta de suprimentos”, segundo Roriz.
O executivo, à frente da associação com cerca de 2,5 mil associados, reclama que, além do problema conjuntural criado com a pandemia do coronavírus, o setor vive um desafio estrutural, representado pelo monopólio do fornecimento dos insumos à cadeia do plástico. (O Estado de S. Paulo/Fernanda Guimarães)