Economia prevê crescimento do PIB de 3% em 2021, com emprego, crédito e fiscal

O Estado de S. Paulo

 

Com a aposta de uma retomada em “V” da economia ainda a se concretizar no fim deste ano, a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia publicou um documento renovando o otimismo da pasta com um crescimento do PIB acima de 3% em 2021.

 

No documento intitulado Considerações sobre a política econômica: objetivos e desafios para 2021, a SPE busca responder – segundo o próprio texto – as dúvidas de alguns analistas sobre o ritmo de crescimento a partir de janeiro, quando os estímulos do governo para famílias e empresas enfrentarem a pandemia chegarão ao fim.

 

Antes de traçar o cenário da equipe econômica para o próximo ano, a SPE lembra que essas medidas – como o auxílio emergencial e os saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) – podem ainda injetar R$ 130 bilhões na economia até o fim de 2020. “Motivo esse que nos parece suficiente para garantir um quarto trimestre em linha com a retomada da economia”, destaca a secretaria, que é chefiada pelo economista Adolfo Sachsida. O gráfico em forma de V significa retomada no mesmo ritmo rápido da queda.

 

A SPE lembra ainda que a redução do consumo das classes média e alta durante as fases mais rigorosas do distanciamento social resultou em um aumento expressivo da poupança dessas famílias. Além disso, a secretaria cita os bons resultados do mercado de trabalho formal nos últimos meses e a antecipação de férias no auge da pandemia, que deve garantir um maior contingente de trabalhadores na ativa no final do ano.

 

“Nosso entendimento é de que o quarto trimestre terá importante recuperação do setor de serviços. Da mesma maneira que comércio e indústria lideraram a recuperação no terceiro trimestre, o setor de serviços irá liderar a recuperação no quarto trimestre”, acrescenta o documento.

 

Para o próximo ano, a projeção de crescimento de 3,2% da SPE se baseia em três fatores principais: emprego, crédito e consolidação fiscal. O documento alega que o atual nível de desemprego é resultado dos impactos da pandemia principalmente sobre o emprego informal. Por isso, a equipe econômica aposta em uma retomada mais forte dos empregos sem carteira assinada já a partir do fim de 2020. Já a recuperação do emprego formal dependeria de mudanças legislativas, como a desoneração da folha de salários (redução dos encargos que as empresas pagam sobre os salários) defendida pelo ministro Paulo Guedes. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Rodrigues)