“O negócio da Movida sai mais forte da crise”

O Estado de S. Paulo

 

Os setores da economia que dependem principalmente da circulação das pessoas foram os mais afetados pela pandemia de covid-19. Um deles, porém, foi exceção a essa regra, o segmento de aluguel de carros. Localiza e Unidas já anunciaram aumento no lucro no terceiro trimestre de 2020. O mesmo deve ocorrer com a Movida, que irá divulgar seu resultado no dia 10.

 

O CEO da Movida, Renato Franklin, falou ao E-investidor sobre como a empresa atravessou o período mais agudo da pandemia. E projetou o futuro do setor, com a fusão das rivais Localiza e Unidas e a entrada de novos players.

 

  • Como a pandemia afetou o setor de aluguel de veículos?

No começo, tivemos impacto em cada nicho do setor: viagens de turismo e corporativa e carro por assinatura para pessoa física e jurídica. O de viagens sofreu bastante no começo, mas, apesar de os voos ainda não terem voltado, a demanda já está maior. As pessoas estão valorizando as viagens de curta distância. O carro por assinatura também cresceu forte; as pessoas querem fazer mais caixa ou se modernizar e as empresas, trabalhar com uma frota terceirizada. Além disso, a gente lançou nosso ecommerce para o carro com assinatura e isso nos impulsionou. O setor inteiro está em um bom momento. O mercado de aluguel de carros vem crescendo cerca de 20% ao ano e eu acredito que vamos continuar apresentando resultados tão fortes quanto nos próximos cinco anos.

 

  • O que sustenta essa boa perspectiva?

Apenas 3% das pessoas habilitadas no País já alugaram carro, tem muito espaço para crescer. O carro por assinatura também vai crescer muito e esse segmento vai ser nosso maior mercado. Acredito em um mercado potencial de 400 mil carros de assinatura por ano no Brasil. Não temos capacidade de absorver tamanha demanda.

 

  • Então, vamos ver o setor como um todo apresentando fortes resultados com todos os players crescendo. Qual a estratégia da Movida?

Sempre crescemos muito nos posicionando no mercado digital. Mais de 65% das nossas vendas já são neste canal, o que é muito mais do que o resto do mercado. Só na Movida é possível fazer todo o processo online e só ir na loja para retirar o carro. Colocamos uma solução totalmente online para os seminovos e vendemos muitos carros nesta modalidade, chegando a bater recordes mesmo com as lojas fechadas. Outro ponto que buscamos é o e-commerce, que foi impulsionado pela pandemia e nós fomos a primeira do setor a entrar nesse mercado. Vamos apostar cada vez mais nele para crescer junto. Para isso lançamos um novo produto, o Movida Cargo, que é voltado para entregas, e fechamos um primeiro acordo de exclusividade com a Magazine Luiza. É um mercado gigante, queremos penetrar mais nele e será uma avenida de crescimento forte para nós.

 

  • A pandemia atrapalhou de alguma forma a estratégia de crescimento?

A pandemia foi muito triste e ruim para o mundo inteiro. Porém, do ponto de vista do nosso negócio, foi positivo. Conseguimos melhorar a companhia, a gestão, a eficiência operacional e ampliar a margem de crescimento. A Movida sai mais forte da crise e teremos um 2021 melhor agora do que seria se a pandemia não tivesse acontecido, tanto do ponto de vista de crescimento quanto do de rentabilidade.

 

  • O acordo de incorporação de ações da Unidas pelas Localiza alterou o planejamento da Movida? O mercado pode esperar algum movimento parecido?

Esse movimento não afeta nosso planejamento de forma nenhuma. Mantemos nossos pilares essenciais: ter o melhor NPS, o menor custo por carro e nos tornar uma plataforma online. Provavelmente vamos ter novos players no mercado e, se a Movida for a preferência dos clientes, seremos escolha natural para possíveis alianças. Hoje, não há nada de concreto nessa linha, mas no futuro pode-se imaginar algo como uma joint venture, revenue share ou até a Movida como prestadora de serviço. Não tem como saber quais empresas vão entrar neste mercado; podem ser bancos, montadoras e até empresas de tecnologia. Porém, elas não têm capilaridade ou não conseguem prestar os serviços necessários. A Movida pode ser uma parceira destas companhias. (O Estado de S. Paulo/Mateus Apud)