Montadoras pressionam e governo adia exigência por carros mais seguros

AutoPapo

 

A Anfavea, associação que representa as montadoras no Brasil, pediu e o Contran (Conselho Nacional de Trânsito), adiou para 2024 a obrigatoriedade do controle de estabilidade – e de outros itens de segurança – para todos os carros vendidos no país. Antes, a medida entraria em vigor em 2022.

 

O calendário para a implantação obrigatória do importante item de segurança havia sido estabelecido em 2015, pela Resolução 567 do Contran. No último dia 22 ela foi alterada pela Resolução 799.

 

Segundo o site Autos Segredos, as montadoras haviam pedido um adiamento de três anos das novas regras de segurança. O motivo alegado foi a impossibilidade fazer testes dos novos sistemas devido a pandemia, já que eles são executados no exterior.

 

Para novos projetos de veículos produzidos no Brasil ou importador, o controle de estabilidade se tornou obrigatório a partir deste ano. Mas com o adiamento, a partir de 1º de janeiro de 2023, 50% da produção deverá contar com o equipamento de segurança.

 

Em 2024, todos os carros 0 km vendidos no Brasil deverão ter o controle de estabilidade. Os fabricantes terão que disponibilizar esse recurso inclusive em produtos que, até então, não o ofereciam. Modelos muito antigos, que não teriam condições de recebê-lo, devem sair de linha.

 

O controle de estabilidade evita que o condutor perca o controle da direção em manobras bruscas ou em curvas em alta velocidade. Ao perceber que ocorreu perda de aderência, uma central eletrônica pode frear cada uma das rodas individualmente, além de controlar a aceleração do motor.

 

Outros itens de segurança afetados

 

Não foi só a obrigatoriedade do controle de estabilidade que foi adiada. As luzes de condução diurna (DRL) também só serão exigidas em 2024, três anos depois do que estava previsto inicialmente.

 

A indicação de cintos de segurança desafivelados para todos os carros, que valeria em 2023, foi adiado para 2024.

 

O Contran também adiou em um ano a exigência de testes de impacto lateral para a homologação de todos os modelos vendidos no mercado brasileiro, e ela só entrará em vigor em 1° de janeiro de 2024.

 

Anfavea já cogitava adiamento

 

Em entrevista coletiva em junho deste ano, Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, admitiu que a crise financeira do setor provocada pela pandemia pode fazer com que novas regras de emissões de poluentes e de adoção de mais equipamentos de segurança nos carros nacionais sejam adiadas.

 

Segundo Moraes, estava previsto um uma soma de investimento de cerca de R$ 40 bilhões pelas diversas montadoras que têm unidades no Brasil. Desse valor, por volta de 1/3 é destinado ao que ele chamou de “marcos regulatórios”, ou seja, para o desenvolvimento de novas tecnologias para atender às regras estabelecidas pelo governo.

 

“Nós não somos contra o regulatório. Participamos da construção de prazos e limites. Nós somos a favor de veículos mais seguros e com menos emissões. Mas somos capazes de fazer isso agora? Essa é a dúvida que temos que discutir nesse tema”, explicou o presidente da Anfavea, na ocasião.

 

Moraes ainda questionou se, no cenário econômico pós-pandemia, o cliente poderá pagar por esses novos itens que serão acrescentados aos carros. (AutoPapo)