Alta de preços vai limitar venda de carros, diz Nissan

O Estado de S. Paulo

 

O crescimento do mercado automotivo neste fim de ano e em especial em 2021 será limitado pela alta do custo das matérias-primas e do preço dos veículos, afirma o presidente da Nissan do Brasil, Marco Silva. Segundo ele, as empresas estão repassando os aumentos para os consumidores, pois precisam recuperar parte da margem de lucro perdida no período mais agudo da pandemia, quando fábricas e concessionárias ficaram fechadas.

 

“O preço do carro no Brasil vai estar alto, pois a pressão de custo é grande na indústria”, diz o executivo. Silva cita a elevada ociosidade das fábricas e o aumento do custo de matérias-primas – de 35% a 40% nos últimos meses. O aço, afirma, “é um dos grandes vilões, pois há dificuldade de abastecimento e os preços dispararam”.

 

Ele prevê para este ano vendas totais do mercado de 1,85 a 1,9 milhão de veículos e de 2,4 milhões para 2021, dependendo de como se comportar o mercado, a aprovação de novas reformas por parte do governo e o desenvolvimento da pandemia.

 

O dólar é outro componente que eleva o custo das importações, mas, por outro lado, pode ser benéfico para a fabricante japonesa. “Como o preço dos nossos carros em dólar está competitivo, fomos procurados pela matriz para avaliara exportação doKicks (utilitário esportivo de pequeno porte) para outros mercados na América Latina”, informa o executivo.

 

Atualmente, o modelo fabricado em Resende (RJ) é exportado só para a Argentina. Outros países da região recebem o SUV feito no México ou na Tailândia e a filial brasileira aguarda sinal verde para a mudança.

 

Novo Versa

 

A Nissan apresentou ontem o novo sedã Versa, modelo totalmente renovado e importado do México com muito conteúdo tecnológico, como alerta de colisão frontal, monitoramento de ponto cego, alerta de tráfego cruzado e de objetos deixados no banco traseiro.

 

O sedã, cuja pré-venda começou ontem, com promoção, tem quatro versões que custam entre R$ 73 mil e R$ 93 mil. O modelo antigo, agora chamado de V-drive, continuará sendo feito em Resende e custa de R$ 59 mil a R$ 74,5 mil. Até o fim do ano serão importadas cerca de 7 mil unidades do Versa, que tem entre seus concorrentes o Toyota Yaris e o Volkswagen Nivus.

 

Silva afirma que em poucas semanas haverá uma reunião de dirigentes da aliança Renault/Nissan para avaliar quais veículos serão produzidos em plataformas conjuntas entre as duas marcas no País, conforme plano global anunciado em junho. Após essa etapa, serão definidos os produtos que cada marca produzirá. A Renault tem fábrica em São José dos Pinhais (PR).

 

O mesmo encontro pode decidir os investimentos locais para os próximos cinco anos. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)