Frentista não é mecânico

Revista Torque/Mecânica Online

 

Chega a ser cansativo quando você para seu veículo para abastecer e surge o frentista com toda “experiência técnica” para encontrar melhorias em seu veículo, principalmente se você for jovem ou do sexo feminino. Precisamos acabar com essas atitudes o quanto antes!

 

Você quer apenas abastecer seu veículo com combustível, mas o frentista aproveita para verificar o estado das palhetas do limpador de para-brisa, se tiver a oportunidade, vai pedir a abertura do capô para verificação do nível do óleo lubrificante, entre outros.

 

Você pode terminar gastando mais do que precisava na hora de abastecer seu veículo. Você deve sempre lembrar: frentista não é mecânico.

 

Conferir o nível do óleo na hora de abastecer não é recomendado, visto que o carro estava em movimento antes de chegar ao posto com o motor na temperatura de funcionamento e, claro, com o óleo cumprindo sua função de lubrificar as peças internas, saindo do cárter para a parte superior do motor, por isso mesmo, o nível nesse momento será diferente para medição comparativa.

 

Qualquer medição realizada nesse momento vai demonstrar baixo nível de óleo e assustar quem não conhece muito o funcionamento do automóvel. Completar o óleo nesse instante pode proporcionar aumento de pressão e terminar gerando danos em partes internas do motor.

 

Consulte sempre o manual do fabricante, mas geralmente o nível do óleo do motor deve ser verificado antes de o motor ser ligado, de preferência, pela manhã, depois de passar a noite desligado e estacionado em local plano.

 

Continuando no assunto óleo lubrificante, é possível realizar sua avaliação pela sua cor? A cor de cada tipo e marca de óleo tem a ver com a tecnologia utilizada. Óleo sintético é sempre mais claro, sua base é transparente como água, são os aditivos que mudam sua cor.

 

Já o óleo mineral apresenta grandes variações de cor, pois essa característica pode mudar de acordo com o petróleo de onde ele é extraído.

 

Além disso, há regionalismos nesse mito: as regiões mais ao Sul do país tendem a acreditar que o óleo claro é melhor, enquanto nas regiões ao Norte acredita-se que o produto, quando mais escuro, possui mais aditivos e, portanto, seria melhor.

 

Independentemente da sua cor, o óleo tem a função de limpar o motor e logo após iniciar o seu uso ele vai naturalmente começar a escurecer dentro do motor – o que é totalmente normal e esperado.

 

Óleo grosso é sinal de olho velho? Mais um mito, pois, assim como a cor, a espessura visual ou tátil do óleo não é um indicador de qualidade. Mais que isso: tecnicamente, é impossível se medir a viscosidade do produto esfregando-o nos dedos, especialmente em temperatura ambiente.

 

Isso só pode ser feito em laboratório, com um equipamento chamado viscosímetro, e simulando as condições dentro motor, já que o produto é desenvolvido para alcançar a viscosidade certa na temperatura do carro em funcionamento.

 

É comum motoristas utilizarem um óleo mais viscoso do que o indicado no manual do fabricante do veículo para tentar minimizar falhas no veículo, como vazamentos ou queima, mas ao invés de ajudar, esta ação pode agravar problemas mecânicos.

 

Agora, se você realmente resolveu trocar o óleo do motor, é necessário que se faça a troca do filtro, item essencial para o processo de limpeza do motor. O óleo limpa e o filtro retém essa sujeira.

 

Vale destacar que o lubrificante, se usado corretamente, nunca vai danificar o motor de um veículo. Já a falta dele, sim.

 

E não trocar o filtro, ou escolher filtros de baixa qualidade, podem fazer com que o óleo não circule como deveria e causar sérios danos. Sem falar que é um produto relativamente barato que não encarece substancialmente o serviço durante a revisão do motor, então não há motivos para não o trocar sempre que renovar o óleo.

 

Voltando ao nosso foco, quando estiver num posto de combustível, tenha atenção aos detalhes

 

– O nível do óleo deve ser verificado em local plano.

– O nível estará correto quando todo o óleo escorrer para o cárter. Esta análise só é possível quando o frentista espera o tempo necessário (mais ou menos 5 minutos).

– Não abra o reservatório de água logo após desligar o motor.

– Só complete o nível de água com o motor ligado. Se estiver desligado, o motor pode sofrer alguns danos, como por exemplo, nos cabeçotes.

– Utilize produtos recomendados pelo fabricante do veículo. Em muitos casos os frentistas não oferecem o produto mais adequado.

– Rejeite aditivos. A gasolina e o próprio óleo lubrificante do motor já trazem os aditivos necessários e recomendados pelo fabricante do automóvel.

– Após calibrar o pneu, fique atento na direção do veículo. Em muitos postos, estas máquinas estão desreguladas e acabam sinalizando a pressão errada. Para saber, verifique se a direção está mais pesada ou mais leve. Isto influi diretamente na maneira de conduzir o veículo. (Revista Torque/Mecânica Online/Tarcisio Dias)