CNI mantém previsão de queda de 4,2% para o PIB

O Estado de S. Paulo

 

Em linha com as principais estimativas do governo e do mercado para a recessão da economia brasileira em 2020, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) manteve ontem sua projeção para a queda do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano em 4,2%. A previsão é igual à do último Informe Conjuntural da entidade, divulgado em maio.

 

Apesar da recuperação no terceiro trimestre do ano, a CNI estima uma queda de 4,1% no PIB industrial em 2020. A indústria de transformação deve sofrer mais, com um encolhimento de 6,3% no ano, enquanto a indústria da construção civil deve ter retração de 4,5%. Por outro lado, a projeção para indústria extrativa é de alta 2,1%.

 

Após o pior momento da pandemia da covid-19 ter ficado para trás, a CNI projeta um crescimento do PIB de 9% no terceiro trimestre do ano em relação ao segundo trimestre, com alta de 10% no PIB industrial no mesmo período. Na avaliação da entidade, a recuperação na indústria de transformação deve se ampliar no terceiro trimestre para segmentos que iniciaram a retomada tardiamente, como bens de consumo duráveis e bens de capital.

 

Para o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, embora a recuperação da economia esteja sendo rápida, ainda não há uma retomada do crescimento econômico em relação às condições pré-crise. O executivo alerta que a redução dos estímulos criados na pandemia pode levar a nova contração se ocorrer de forma apressada.

 

“Antes da crise, o País mostrava falta de competitividade, por isso, sem avanços na agenda de reformas, em especial da tributária, a economia brasileira não sairá da armadilha da renda média”, considerou, em nota. “A questão que se põe, neste momento, é como acelerar essa retomada, adotando medidas para estimular um crescimento mais vigoroso e sustentado ao longo do tempo, com investimentos e criação de empregos”, completou Andrade.

 

O Informe Conjuntural da CNI também trouxe atualizações nas estimativas para os principais indicadores. A entidade projeta uma taxa de desemprego em 13,5% ao fim de 2020, com uma inflação medida pelo IPCA prevista em 2,57% no acumulado até dezembro.

 

A CNI projeta uma Selic estável nos atuais 2,0% ao ano até o fim de 2020, com uma taxa média de câmbio de R$ 5,20 no mês de dezembro. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Rodrigues)