Investimentos em carros autônomos continuam em efervescência no mundo

O Estado de S. Paulo/Partners for Automated Vehicle – Pave

 

A tecnologia dos veículos autônomos vem sendo aprimorada em diversas frentes. Trata-se de um tema que está na pauta de prioridades dos centros de desenvolvimento da indústria automotiva e de todas as grandes corporações ligadas ao setor de mobilidade.

 

Além das montadoras tradicionais, que não querem se atrasar no desenvolvimento de uma tecnologia que certamente fará parte do futuro dos transportes, a corrida pelo veículo autônomo envolve gigantes da tecnologia, como Uber, Amazon e o grupo Alphabet, dono da Google.

 

Nem mesmo a pandemia foi motivo para reduzir os investimentos e a efervescência das parcerias entre os grandes players do mercado. Nos últimos meses, a Daimler Mercedes-Benz se aliou à norte-americana Nvidia com o objetivo de lançar carros autônomos já em 2024. E a Volvo, que já tinha uma parceria com a Uber, associou-se também à Waymo, do grupo Alphabet.

 

Quem parece estar na liderança dessa corrida é a Tesla, do empreendedor Elon Musk. Ele prometeu para breve o lançamento do primeiro modelo 100% autônomo da marca. A principal aplicação inicial seria em uma frota de “robô-táxis” circulando em grandes cidades dos Estados Unidos e administrados pela própria fabricante.

 

“Estou confiante de que os recursos básicos do nível 5 serão alcançados muito rapidamente, ainda este ano”, disse Musk no pronunciamento de abertura da Conferência Mundial de Inteligência Artificial, realizada na China, em julho. O nível 5 da tecnologia, conhecido como FSD (da sigla em inglês Full Self Driving, autonomia completa), dispensa totalmente a presença do motorista – os níveis anteriores ainda exigem a intervenção humana em determinadas situações.

 

Não se trata de uma transição tão brusca quanto pode parecer. O engenheiro e consultor Ricardo Takahira, coordenador de cursos de pós-graduação no Instituto Mauá de Tecnologia, lembra que os carros já estão há algum tempo no rumo da autonomia. “Muitos sistemas e recursos disponíveis hoje, como assistentes de estacionamento e dispositivos de frenagem de emergência, já fazem parte dessa evolução”.

 

As três maiores dúvidas

 

O que é um veículo autônomo?

Um veículo totalmente autônomo é aquele que opera todas as tarefas de direção, do começo ao fim do trajeto, em qualquer estrada. Ou seja: um veículo que dispensa completamente a intervenção humana.

 

Como essa tecnologia funciona?

Uma série de recursos tecnológicos (radar, câmeras, sensores, computadores) fazem o papel dos órgãos humanos: os olhos que observam o trânsito, as mãos que seguram o volante, os pés que acionam os pedais, o cérebro que toma decisões rápidas.

 

Já é possível comprar um carro autônomo?

Completamente autônomo, ainda não. O que há são recursos parciais de autonomia, como estacionamento e frenagem automáticos. Muitas empresas estão fazendo testes para que a tecnologia ganhe segurança plena e viabilidade comercial.

 

Governos competem pelo pioneirismo

 

Além das empresas, os governos também estão em meio a uma corrida pelo pioneirismo. Com grande tradição na indústria automobilística, a Alemanha demonstra empenho para se tornar o primeiro país a adotar amplamente os veículos sem motoristas – o que depende não apenas da evolução tecnológica, mas da definição do arcabouço legal. Uma reunião no início de setembro entre representantes de montadoras e líderes políticos, incluindo a chanceler Angela Merkel, estabeleceu o prazo de dois anos para criar essas regras.

 

Quanto ao Brasil, a tecnologia dos autônomos deverá demorar um pouco mais para ser disseminada. Além das adequações da legislação, isso depende de uma rede 5G confiável e ampla, já que os veículos precisam trocar informações constantemente entre si e também com a infraestrutura. Especialistas projetam que o mais provável é que a adoção da tecnologia no Brasil comece a ganhar escala não no uso urbano, com variáveis mais complexas, e sim em comboios de caminhões em rodovias específicas, devidamente preparadas. (O Estado de S. Paulo/Partners for Automated Vehicle – Pave)