Diário do Comércio
Em momentos críticos, que muitas vezes pegam a todos de surpresa, um dos elementos básicos para a sobrevivência é a capacidade de reinvenção e adaptação a novas condições. O mercado de vendas e financiamento de veículos no Brasil também sofreu os impactos da pandemia, principalmente com as restrições de funcionamento das revendas, o que fez os resultados encolherem bruscamente, especialmente no mês de abril.
Mas, alguns fatores já nos permitem voltar a olhar com otimismo para os números. Muitos revendedores, mesmo com lojas fechadas, souberam olhar ao redor e enxergar na evolução tecnológica uma chance de impedir que suas vendas fossem zeradas. A adaptação se deu por meio de ferramentas como site de vendas e até mesmo o WhatsApp, além de uma novidade que foi a cereja do bolo disso tudo: o delivery de veículos.
A utilização desses recursos e a gradual reabertura das praças em boa parte do Brasil já produziram efeitos positivos. De acordo com os indicadores de financiamento de veículos no país, o mês de maio registrou crescimento de 24% se comparado ao mês anterior, abril, que foi o período mais crítico de queda. Avançando um pouco mais, junho trouxe resultados ainda mais animadores: 42% de crescimento, se comparado a maio.
Esses números nos permitem acreditar que a recuperação do setor já começou, e de forma muito rápida. O financiamento de veículos é um percentual sobre os números de venda. Se o financiamento está aumentando, logo as vendas também estão. Os números acumulados que chegam das montadoras mostram isso: no mês de junho, foram vendidos mais de 120 mil veículos, um crescimento de mais de 116% em relação a maio.
E o que precisamos para continuar nessa curva ascendente? Existem alguns pilares importantes: o primeiro é que os bancos e financeiras estão e estiveram o tempo todo ao lado deste mercado. Nunca faltou crédito e as instituições dão mostras de que estão firmes em seu papel nessa retomada. Outro pilar é a reabertura gradual dos estados, fundamental para as praças retomarem suas atividades econômicas, permitindo que os consumidores voltem a se movimentar e a realizar suas compras. É difícil estimar prazos, mas se tudo evoluir bem, talvez em 60 dias o mercado já consiga registrar novamente resultados semelhantes ao do período pré-pandemia.
Para enxergar o copo meio cheio (e não meio vazio), é preciso ter o cuidado de fazer uma análise olhando sempre o resultado em relação ao mês anterior, e não comparar com o mesmo período de 2019, quando não havia uma pandemia. Com o tripé que se baseia em apetite do consumidor, bancos e financeiras oferecendo crédito e o revendedor com estoque, tem-se a combinação perfeita para essa retomada registrada nesses dois últimos meses.
Sem deixar de destacar ainda que empresas envolvidas na operação de financiamento de veículos também desempenharam nos últimos meses um papel fundamental, se adaptando e prestando os serviços de forma adequada e inovadora, com uso de toda a tecnologia disponível para evitar ainda mais prejuízos em toda a cadeia. É desta forma, com otimismo baseado em análises cuidadosas e números positivos, que fica nítido que o mercado já está evoluindo bem no processo de recuperação. (Diário do Comércio/Cristiano Dantas, diretor comercial da Tecnobank)