Renault abre novo PDV e reintegra demitidos

O Estado de S. Paulo

 

Renault e Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba chegaram a uma “solução conjunta”, conforme definem as duas partes, para encerrar a greve que completou 20 dias ontem. A empresa abrirá outro Programa de Demissão Voluntária com incentivo melhor que o proposto antes. Os 747 demitidos há três semanas serão reintegrados, mas a intenção da empresa é que parte deles aceite o novo PDV.

 

A Renault mantém a meta de desligar 747 do total de 7,3 mil trabalhadores da área de produção do complexo de São José dos Pinhais para adequar o efetivo à atual demanda do mercado. Em razão da crise provocada pelo coronavírus, a montadora deve produzir este ano 186 mil veículos, ante uma previsão inicial de 353 mil unidades.

 

Para cada funcionário que aderir ao PDV, um do grupo demitido que deseja continuar na empresa voltará ao trabalho. Os que não forem convocados entrarão em lay-off (suspensão de contratos) por cinco meses. Se após esse período a empresa ainda não tiver colocação para o grupo, voltará a negociar alternativas com o sindicato. Nos próximos dias a Renault abrirá também um PDV para o pessoal da área administrativa.

 

A proposta foi resultado de negociações entre empresa e sindicato ocorridas desde quinta-feira, quando a Justiça do Trabalho de Curitiba (PR) determinou, em liminar, a reintegração dos demitidos. Ela foi apresentada ontem em assembleia e os trabalhadores terão até hoje para votar, de forma online, se aceitam ou não.

 

“Com aprovação da proposta teremos garantia de pilares de competitividade que precisamos para o futuro da Renault do Brasil”, diz a montadora em comunicado aos funcionários.

 

Com base no acerto, a empresa poderá negociar com a matriz da França a produção de novos modelos no complexo.

 

Para o presidente do sindicato, Sérgio Butka, a proposta possibilita a manutenção de empregos daqui para frente e atende as demandas da empresa. “O que importa é o trabalhador ter mais tranquilidade para desenvolver sua função e produzir melhor.”

 

Sem reajuste

 

O novo PDV prevê o pagamento de seis salários extras (independentemente do tempo de casa do funcionário), a extensão do vale mercado até dezembro e do plano de saúde até junho de 2021, entre outros itens.

 

A negociação também incluiu a data-base dos metalúrgicos até 2024. Fica definido a suspensão de reajustes salariais neste ano e no próximo – será pago um abono de R$ 2,5 mil.

 

Os trabalhadores vão receber este ano R$ 13,9 mil em participação nos lucros, caso a produção se confirme em 186 mil veículos. Novas contratações terão salários 20% inferiores aos atuais. Se a proposta for aprovada, os funcionários retornam ao trabalho amanhã e os dias parados serão descontados gradualmente.

 

“Apresentamos alternativas que possibilitam tanto os empregos como as demandas da empresa. O que importa é o trabalhador ter mais tranquilidade para desenvolver sua função e produzir melhor”, Sérgio Butka, presidente do sindicato. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)