O Estado de S. Paulo
Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária do BC reduziu a taxa básica de juros da economia de 2,25% para 2%, o piso da série histórica, iniciada em 1996. Com isso, o rendimento da poupança, a aplicação mais popular do País, passa a ser de 1,40% ao ano, sem contar a inflação.
Em mais um movimento para estimular a economia durante a crise provocada pelo novo coronavírus, o Banco Central cortou a Selic (a taxa básica de juros) pela nona vez consecutiva. Em decisão unânime, os dirigentes da autarquia citaram “incertezas” sobre a atividade para reduzir a taxa em 0,25 ponto porcentual, de 2,25% para 2% ao ano. Este é o menor juro básico já registrado no Brasil.
Para os próximos meses, o BC sinalizou que os juros seguirão em níveis baixos, mas que há pouco espaço para novos cortes. A Selic no piso histórico reduz ganhos com aplicações financeiras, como a caderneta de poupança e os investimentos em renda fixa (mais informações nas págs. B3 e B4).
Com juros a 2% ao ano, o Brasil possui agora o 15.º juro real mais baixo do mundo, considerando as 40 economias mais relevantes. Os cálculos são do site Moneyou e da Infinity Asset Management.
Com a atividade sob pressão e a inflação em níveis comportados, a expectativa dos analistas era de que o BC, de fato, cortasse mais uma vez a Selic ontem. De um total de 50 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, 43 esperavam por um corte de 0,25 ponto, para 2% ao ano. Sete casas aguardavam pela manutenção da taxa básica em 2,25% ao ano.
No comunicado que acompanhou a decisão, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC qualificou o ambiente para as economias emergentes como “desafiador” e citou a incerteza sobre o ritmo de crescimento do Brasil – em especial a partir do fim de 2020, quando os efeitos dos auxílios emergenciais arrefecerem.
Ao mesmo tempo, o BC alertou que as políticas do governo de resposta à pandemia podem fazer com que a redução da demanda por produtos e serviços seja menor que a estimada, o que poderia dar força à inflação.
Por trás do comentário, está o receio de que programas adotados durante a pandemia – como o auxílio emergencial de R$ 600 – possam se tornar permanentes, elevando ainda mais o rombo fiscal do governo. Com isso, o BC poderia ser obrigado a subir a Selic.
Na visão do BC, enquanto a inflação projetada estiver abaixo das metas – como visto atualmente – não haveria motivos para a Selic subir. (O Estado de S. Paulo/Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues)