Jornal do Carro
Por conta da pandemia do novo coronavírus, o setor automotivo continua amargando baixas nas vendas de veículos – no acumulado do ano, são 37,5% menos em relação aos números de 2019. Mais que isso, nota-se também forte mudança de comportamento do consumidor. De acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), esse “novo normal” colocou, pela primeira vez na história, um SUV como líder de vendas do mercado. Trata-se do Volkswagen T-Cross.
Além de vencer o Chevrolet Onix em vendas, o utilitário registra outro marco: é o primeiro veículo do segmento a ultrapassar a barreira das 10 mil unidades emplacadas em um único mês. No total, foram 10.211 unidades. O bom desempenho se deve, em muito, às vendas da versão Sense (voltada ao público PCD, que custa R$ 69.990).
O hatch da GM, por sua vez – que era líder de vendas desde agosto de 2015, quando tomou o lugar do Fiat Palio -, ficou na segunda posição da lista geral. O terceiro lugar do pódio foi para o Hyundai HB20. Respectivamente, a dupla registrou 9.716 unidades e 7.852 emplacamentos.
Em números, a queda nas vendas de automóveis e comerciais leves foi de 29,8% em julho, quando comparado ao mesmo mês do ano passado – 163.083 contra 232.203, respectivamente. Ainda de acordo com a entidade, em relação a junho (com 122.765 comercializações), o mês passado emplacou 32,8% a mais.
Motivos para o sobe e desce
Modelos populares como Ford Ka e Renault Kwid, por exemplo, sequer aparecem no top 10 de julho. Mas isso tem uma explicação. Por conta da pandemia, boa parte dos trabalhadores teve redução de salário – ou ficou desempregada. Isso reflete diretamente no poder de compra dessa fatia de consumidor.
Ou seja, a clientela que compra carro popular está segurando o bolso. Por outro lado, quem tem mais dinheiro e mais crédito, consequentemente, tem possibilidade extra de compra. Por isso, modelos com valores que rondam os R$ 100 mil estão roubando a cena nessa época de pandemia.
Picapes
Outra surpresa da lista divulgada pela Fenabrave é a excelente aceitação da nova Fiat Strada. Mesmo custando média de R$ 70 mil, o modelo de nova geração teve grande destaque em julho. Só nos primeiros dez dias de vendas (foi lançada em 26 de junho) a picapinha somou 6.000 emplacamentos. Fechou julho com 6.564 emplacamentos. Sua concorrente direta Volkswagen Saveiro, aliás, comeu poeira. Emplacou apenas 2.828 unidades.
Aliás, o segmento de picapes médias também teve surpresas. A Toyota Hilux somou 2.327 emplacamentos, ultrapassando a Ford Ranger (1.729). A recém-renovada Chevrolet S10 ficou em terceiro lugar, somando 1.568 unidades vendidas.
Cabe salientar que a dança das cadeiras que movimentou a maioria dos segmentos tem outro fator relevante: o reflexo da reabertura gradual dos Detrans. Como cada Estado tem sua política de reabertura, os órgãos ainda vêm emplacando grande demanda de carros previamente comprados.
Top 10 e preços
Abaixo, listamos os dez automóveis e comerciais leves mais comprados pelos brasileiros no mês passado – e o número de emplacamentos e preço base. Uma das curiosidades é que quatro deles pertencem ao segmento de SUVs. Ou seja, quase metade dos consumidores vêm optando por utilitários no Brasil.
1º – Volkswagen T-Cross (parte de R$ 88.790): 10.211
2º – Chevrolet Onix (parte de R$ 55.990): 9.716
3º – Hyundai HB20 (parte de R$ 48.990): 7.852
4º – Fiat Strada (parte de R$ 61.590): 6.564
5º – Chevrolet Tracker (parte de R$ 87.490): 6.070
6º – Chevrolet Onix Plus (parte de R$ 61.790): 5.205
7º – Jeep Compass (parte de R$ 153.990): 4.786
8º – Fiat Argo (parte de R$ 51.290): 4.756
9º – Jeep Renegade (parte de R$ 77.490): 4.735
10º – Volkswagen Gol (parte de R$ 52.860): 4.427
(Jornal do Carro)