A indústria em crise, mas menos pessimista

O Estado de S. Paulo

 

Os empresários da indústria continuam a projetar, para os próximos seis meses, queda de demanda, de exportações, de compras de matérias-primas e do número de empregados. O cenário desenhado pela Sondagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), relativo a maio, continua sombrio, como tem estado em consequência dos impactos da crise decorrente da pandemia de covid-19 sobre esse segmento da economia. Mas já esteve muito pior.

 

Os resultados melhoraram em maio. A utilização da capacidade instalada, por exemplo, subiu de 49% para 55%. Embora o dado do mês passado seja o segundo pior da série (o pior foi o do mês anterior), é mais um indicador de que o fundo do poço da atividade industrial – e talvez de outros setores – talvez tenha sido atingido em abril.

 

O humor do empresariado, em razão de dados positivos aferidos por pesquisas recentes, começa a melhorar. Com base em dados mais recentes, a CNI avalia que “o pessimismo se reduziu de forma significativa em junho; é menos intenso e disseminado do que nos últimos meses”. Os principais índices de expectativa, como os de demanda, de volume exportado e de número de empregos, cresceram em maio. Mas, como ressalva a CNI, “todos os índices de expectativa permanecem abaixo da linha divisória” (a linha é de 50 pontos; números abaixo dela indicam queda).

 

A despeito da melhora das expectativas, o desempenho da indústria ainda apresenta resultados muito negativos na comparação com períodos anteriores. A produção e o emprego registraram novas quedas em maio, na comparação com abril, que já tinha sido um mês de maus resultados.

 

Há alguns pormenores que sugerem melhora. As quedas foram menos disseminadas no mês passado, pois atingiram um número menor de empresas. O índice de evolução da produção estava em 43,1 pontos, 6,9 abaixo da linha divisória, mas vem melhorando, pois em abril a distância era de 24 pontos. Em geral, porém, os índices continuam abaixo da linha divisória.

 

O índice de intenção de investir continua num nível muito baixo, o que traduz a persistência de um nível elevado de pessimismo no empresariado industrial nesse quesito. A baixa utilização da capacidade instalada pode permitir a retomada rápida da produção sem necessidade de investimentos imediatos. (O Estado de S. Paulo)