Scania entrega primeiros caminhões a gás e prepara novas encomendas

Futuretransport

 

A transportadora RN Express planeja adquirir entre cinco e dez novos caminhões a gás da Scania até o final deste ano. A intenção de compra foi revelada na quinta-feira passada, durante a entrega oficial de dois caminhões Scania R 410 movidos a gás natural veicular (GNV) e também a biometano. Esses dois veículos entregues foram adquiridos em outubro do ano passado, durante Fenatran (Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Cargas), para serem usados no transporte de produtos de um de seus clientes, a empresa francesa L’Oréal, na rota São Paulo-Rio de Janeiro.

 

De acordo com Rodrigo Navarro, diretor comercial da RN Express, a empresa vem, há três anos, desenvolvendo um trabalho de compromisso com a sustentabilidade e vinha buscando soluções sustentáveis para os veículos pesados. Segundo Navarro, a L’Oréal incentivou esse projeto que foi desenvolvido em parceria com a própria Scania.

 

“A RN tem outros projetos em andamento, estamos conversando com outros grandes embarcadores para expandir esse plano de veículos a gás, com intenção de ampliar de cinco a dez unidades ainda este ano”, revela Navarro. Ele diz que a Nespresso estaria entre os clientes que apoiam essa iniciativa e que um terceiro veículo a gás já estaria no foco para começar a operar em julho. A transportadora atende a outros grandes clientes, como Samsung, HP, Nestlé e Starbucks.

 

Caminhões a gás para a Jomed

 

Na quinta-feira (28/05), a Scania entregou oficialmente os primeiros quatro caminhões movidos a gás natural veicular (GNV) ou a biometano fabricados pela montadora no Brasil. Os quatro veículos foram comercializados durante a Fenatran, em outubro. Além dos dois R 410 6×2 para a RN Express, a montadora entregou dois R 410 6×2 para a Jomed LOG. Os dois caminhões da Jomed LOG também serão usados para transportar produtos da L’Oréal em rota similar à operação da RN Express, entre São Paulo e Rio de Janeiro.

 

“Já tínhamos um projeto de sustentabilidade dentro da empresa e, com a operação da L’Oréal, surgiu a necessidade de aquisição desses veículos a gás”, conta Eduardo Garrido, diretor comercial da Jomed LOG. Ele afirma que é possível ser sustentável com retorno financeiro a longo prazo.

 

Fica claro que o papel da L’Oréal em todo esse processo foi fundamental. A empresa puxou a cadeia e motivou os transportadores a adquirem a solução a gás para os veículos pesados. “Desde 2011, a L’Oréal assumiu o compromisso público de redução das emissões, em busca da descarbonização de toda a cadeia logística”, explica Renan Loreiro, gerente nacional de transportes e responsável pela operação logística da L’Oréal. Isso incluiu planos de otimização das cargas, dos envios e o uso de veículos elétricos em operações porta-a-porta. “Faltava uma solução técnica para o transporte de carga pesada e a Scania veio bem nesse papel, com a solução de veículos a gás”, afirma Loureiro. “Temos a responsabilidade de fomentar e engajar os parceiros no objetivo da sustentabilidade de toda a cadeia logística no Brasil”, complementa.

 

Loureiro assinala que, apesar de os veículos a gás da Scania poderem rodar tanto com gás natural quanto com biometano, o objetivo da L’Oréal é ter infraestrutura para toda a frota rodar 100% a biometano. “Tem que vir de toda a sociedade implementar projetos como esse para fomentar a expansão dessa tecnologia, dessa infraestrutura. Acreditamos na sustentabilidade ambiental e financeira, achamos que a solução está na parceria com todos os elos da cadeia para movimentar toda a sociedade em prol desse objetivo comum. No início de junho começa a operação com esses dois veículos nessa rota, já com biometano, e esperamos que, em breve, em todo o trajeto”, diz.

 

Caminhão a gás “Made in Brazil”

 

Na avaliação de Silvio Munhoz, diretor comercial da Scania no Brasil, o gás é a alternativa sustentável que melhor atende à realidade atual do país, tanto do ponto de vista técnico quanto econômico. Isso inclui o gás natural armazenado em estado gasoso ou em estado liquefeito e o biometano. Já existem, atualmente, mais de 4 mil caminhões a gás circulando no mundo. No Brasil, dez caminhões foram colocados em testes em clientes para demonstrar a eficiência operacional.

 

Segundo Munhoz, desde a Fenatran, a Scania comercializou 23 caminhões a gás e a estimativa é de chegar perto de uma centena de veículos vendidos até o final deste ano, nas versões rodoviária e também off road. Antes da epidemia de Covid-19, a montadora projetava atingir cerca de 200 unidades comercializadas em 2020.

 

Por enquanto, os caminhões a gás da Scania são fabricados no Brasil com um índice de nacionalização entre 40 e 45%. O maior impacto é dos tanques de combustível e das válvulas junto aos tanques que também precisam ser nacionalizadas.

 

Munhoz conta que os desafios na produção do caminhão a gás começaram em 2015 e continuam até hoje, no sentido de unir todos os integrantes da cadeia, para viabilizar a produção, os fornecedores de componentes e a infraestrutura do gás. O objetivo da Scania é liderar todo esse processo.

 

“Os grandes produtores de gás natural do Brasil, e a maioria das grandes distribuidoras de gás, já estão engajados no processo para o abastecimento do caminhão a gás”, afirma o executivo da Scania. Ele diz que já estão habilitados fabricantes de compressores na especificação necessária para equipar os postos de combustíveis ao longo das estradas do país. Se o posto tiver o compressor adequado, ele oferece pressão suficiente para encher os tanques. “O maior desafio é garantir abastecimento dos caminhões em tempo adequado”, assinala. “Quanto maior a demanda, mais rápido a rede de postos vai se adaptar”, ressalta.

 

A Scania também fechou parceria com a Cervejaria Ambev para demonstração de dois caminhões R410 movidos a Gás Natural Liquefeito. Por um período de dois anos, os veículos, da recém-lançada Nova Geração da marca, vão operar em rotas no interior de São Paulo, com comando logístico da Transportadora Translecchi.

 

Segundo dados da Scania, o R410 movido a gás consegue uma redução de emissões de CO2 que pode chegar a até 15%, em relação a similares a diesel, e pode alcançar até 90% se o combustível usado for o biometano. O modelo é indicado para operações de médias e longas distâncias. O motor tem Ciclo Otto (o mesmo conceito dos automóveis) e pode operar 100% a gás natural ou a biometano, ou usando uma mistura de ambos.

 

“O mercado brasileiro está maduro para essa solução, entendeu os benefícios e começa a aderir ao programam de substituição do diesel por essa alternativa”, comenta Eronildo de Barros Santos, diretor comercial das concessionárias cativas da Scania. (Futuretransport/Amarilis Bertachini)