Para “cozinhar” novo coronavírus, Ford esquenta carro

Jornal do Carro

 

A Ford desenvolveu nos Estados Unidos um sistema de aquecimento que, de acordo com a montadora, elimina até 99% do novo coronavírus no interior do automóvel, por meio de – literalmente – “cozimento” do vírus.

 

O dispositivo já está sendo utilizado nos carros de polícia da marca, o SUV Ford Police Interceptor, largamente utilizado no país. Ele é capaz de elevar a temperatura interna para 56 graus Celsius por 15 minutos. Como comparação, a montadora informa que essa temperatura é superior à encontrada no deserto de Death Valley “nos dias mais quentes”. O Vale da Morte, em português, fica na Califórnia, e é considerado um dos desertos mais quentes do mundo.

 

O desenvolvimento do dispositivo contou com a colaboração da Universidade de Ohio. Estudos buscaram determinar a faixa de temperatura e o tempo necessários para redução do novo coronavírus.

 

O dispositivo permite ativação a distância do motor e do sistema de climatização do veículo, por meio de smartphone. Nessa função, tanto a temperatura como a ventilação vão para o modo máximo. O programa monitora automaticamente a temperatura do interior, até que ela atinja o limite desejado. A partir daí, ela é mantida por 15 minutos.

 

“Sauna” para eliminar novo coronavírus

 

Todo o processo é controlado pelo lado de fora do veículo. Quando ele se inicia, o pisca-alerta e as lanternas piscam, avisando o começo da operação. A informação também aparece no painel de instrumentos. Ao fim de todo o processo, o sistema reduz automaticamente a temperatura interna.

 

A 56 graus Celsius, é praticamente impossível ficar dentro do carro. Como comparação, a temperatura média de sauna a vapor é de 40 a 50 graus Celsius. Na sauna seca, a temperatura ideal é de cerca de 60 graus Celsius. No Brasil, na média, a temperatura máxima de um ar-condicionado automotivo está em torno dos 30 graus Celsius.

 

A Ford informa que o processo pode ser utilizado regularmente, desde que não haja ninguém no veículo. De acordo com a montadora, uma das vantagens da descontaminação por elevação de temperatura interna é que o processo atinge todo o interior do veículo, incluindo áreas inacessíveis pela limpeza manual, preconizada pelas autoridades de saúde. O aquecimento também tem a vantagem adicional de atuar sobre áreas que não tenham sido higienizadas adequadamente pelos processos normais de limpeza.

 

Polícia chega antes da ambulância

 

Os testes começaram a ser feitos no final de março, e as viaturas de polícia foram escolhidas porque, em muitas emergências, os policiais costumam chegar aos locais antes das ambulâncias, e fazem os primeiros atendimentos. Em muitos casos, pessoas contaminadas pelo novo coronavírus são levadas aos hospitais pelas viaturas policiais. Além disso, pessoas transportadas nos carros podem estar contaminadas, mas sem os sintomas.

 

O dispositivo está disponível para o SUV Police Interceptor modelos 2013 a 2019. A Ford informa que ele pode ser instalado pelos próprios profissionais que cuidam da manutenção dos carros da polícia. Os concessionários também estão aptos para fazer o serviço.

 

Para os carros entre 2016 e 2019, o software de aquecimento é acionado por meio de acionamento de uma sequência de comandos do controlador automático de velocidade. Para os modelos de 2013 a 2015, ele é conectado ao veículo por meio da tomada de diagnóstico, conhecida como OBD (on board diagnose).

 

O sistema já está disponível para os Ford Interceptor Utility nos Estados Unidos, Canadá e outros países ao redor do mundo que utilizam o veículo. A Ford informou que o equipamento se destina exclusivamente ao uso policial. Portanto, não há planos de oferecê-lo no Brasil.

 

Doutor em infectologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o médico Sergio Cimerman garante que o calor não elimina o coronavírus. “Se fosse assim, não haveria novo coronavírus no Amazonas.” (Jornal do Carro)