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A reabertura das fábricas nos Estados Unidos e na Europa tem sido uma tarefa das mais difíceis. Depois uma queda brusca na atividade industrial em abril na maioria dos países mundo afora, as empresas do setor agora enfrentam o desafio de ajustar a sua produção à uma economia duramente afetada pela pandemia do novo coronavírus.
Nos Estados Unidos, os estados de Michigan e da Califórnia liberaram a retomada das atividades das fábricas, mas poucas empresas estão preparadas para voltar ao trabalho. Em Michigan, onde há uma concentração de fábricas da indústria automotiva, boa parte das empresas depende de peças que vêm do México, onde a produção contínua paralisada. Os estoques são suficientes para apenas algumas semanas de operação, de acordo com uma reportagem do Wall Street Journal.
Já na Califórnia, assim como em outras regiões, a volta ao trabalho também é uma incógnita, uma vez que o governo estadual exigiu que as empresas adotem medidas de distanciamento entre os funcionários, para evitar aglomerações e um maior contágio da doença.
Governos locais como a do condado de Alameda, na região de São Francisco, decidiram manter as medidas de quarentena e impedir a reabertura das fábricas. A decisão gerou uma crise com o empresário Elon Musk, da montadora de carros elétricos Tesla. No fim de semana, Musk entrou com uma ação judicial contra o governo local para reabrir a fábrica da Tesla na região que emprega cerca de 10.000 pessoas.
O setor automotivo foi um dos mais prejudicados durante a pandemia e a retomada nas vendas de veículos deve levar tempo, uma vez que boa parte das pessoas continua evitando sair de casa. O aumento do desemprego e a queda na renda das famílias também deve pesar.
Na Europa, a associação de fabricante de veículos da região estima que mais de 2,3 milhões de veículos deixaram de ser produzidos durante o período de quarentena. Em média, as fábricas europeias já estavam paradas há 29 dias, de acordo com o último boletim publicado no dia 4 de maio. A Alemanha é um dos países mais afetados, onde mais de 600.000 veículos deixaram de ser produzidos.
Ao contrário de outros países na Europa e nos Estados Unidos, na Alemanha as fábricas não foram obrigadas a fechar e muitas mantiveram a atividade adotando medidas de distanciamento social e proteção dos funcionários. Ainda assim, 20% das fábricas permaneceram fechadas. As que abriram operaram com capacidade entre 70% e 80%, de acordo com o Instituto de Pesquisas Econômicas (Ifo, na sigla em alemão), de Munique.
Segundo uma pesquisa do instituto, o índice de confiança empresarial da indústria caiu em abril para -51 pontos, o menor nível desde a reunificação da Alemanha, o que mostra um pessimismo entre os executivos do setor. Recuperar a confiança – e a produção – exigirá mais medidas do que apenas o fim do confinamento. (Portal Exame/Filipe Serrano)