Elétrico é coisa do passado

O Estado de S. Paulo/Jornal do Carro

 

As montadoras vêm acelerando o lançamento de carros, motos e mesmo caminhões elétricos. O objetivo é reduzir as emissões para atender as leis cada vez mais severas de controle de poluentes. O curioso é que o veículo a eletricidade está longe de ser algo novo – suas origens remontam a quase 140 anos.

 

A história começa em 1828, quando o húngaro Ányos István Jedlik, que além de inventor era físico e padre beneditino, criou um motor elétrico bastante rudimentar. O primeiro veículo elétrico conhecido foi uma locomotiva apresentada por Thomas Davenport, em Vermont, nos Estados Unidos, em 1834.

 

Em 1881, os físicos franceses Gaston Plante e Camille Alphonse criaram uma bateria recarregável com capacidade suficiente para mover veículos elétricos. No mesmo ano, Gustave Trouvé, também francês, instalou o sistema em um triciclo.

 

Três anos depois, o inglês Thomas Parker lançou o primeiro veículo elétrico do mundo feito em série. O modelo era um tipo de charrete sem cavalos. De 1888, o alemão Flocken Elektrowagen tinha formas parecidas com as dos carros atuais.

 

O sucesso dos veículos elétricos não tardou a chegar. Entre as vantagens estava a partida imediata do motor. Nos carros a vapor, por exemplo, a caldeira tinha de ser ligada quase uma hora antes do uso.

 

Na virada do século XX surgiram várias fábricas de carros elétricos, sobretudo nos EUA. Em 1900, por exemplo, de cada três veículos vendidos no país, um era movido a eletricidade.

 

No mesmo ano foi lançado na Áustria o Lohner-Porsche. O primeiro carro híbrido do mundo foi desenvolvido por Ferdinand Porsche, que depois criaria o Volkswagen Fusca e o 356, antecessor do Porsche 911. O veículo tinha motores elétricos montados nos cubos das rodas dianteiras. A energia era produzida por gerador a gasolina.

 

Declínio

 

O problema é que as baterias, que até hoje são um dos principais entraves à popularização dos carros elétricos no mundo todo, eram pesadas e ofereciam autonomia reduzida. Além disso, a recarga levava muito tempo para ser feita. Ao mesmo tempo os motores a combustão ficavam mais eficientes. E a introdução de novas tecnologias, como o motor de partida, facilitavam o uso desse tipo de veículo. Até então, para ligar o carro o motorista precisa girar uma manivela, o que exigia força e alguma habilidade.

 

O surgimento da linha de produção em série, em 1913, ajudou a decretar o fim do carro elétrico. A introdução do processo, desenvolvido por Henry Ford, fez despencar o preço do Modelo T de US$ 850 em 1908 para US$ 290 em 1927.

 

Atualmente todas as grandes fabricantes de automóveis oferecem modelos híbridos e/ou elétricos. Do segundo grupo, as baterias, que ainda são muito caras (representam cerca de 40% do valor do carro), garantem autonomia superior a 400 km, no caso do Tesla Model 3 e do Porsche Taycan, por exemplo.

 

Com mais de 460 mil unidades emplacadas desde o lançamento, em 2010, o Leaf é o elétrico mais vendido do mundo. O Nissan é oferecido no Brasil na versão com 240 km de autonomia por R$ 195 mil. (O Estado de S. Paulo/Jornal do Carro/Tião Oliveira)