O Estado de S. Paulo
O veículo pode ser um reservatório de vírus e também vetor de transmissão. Em outras palavras, caso esteja infectado pelo coronavírus, pode transmitir doença onde estiver. Por isso, é importante tomar algumas precauções para evitar a infecção.
O primeiro conselho, de acordo com o médico Aly Said Yassine, especialista em medicina de tráfego do Detran-SP, é manter as janelas abertas, para promover a circulação de ar dentro do veículo. “É importante fazer o ‘turnover’ aéreo”, diz Yassine, referindo-se à necessidade de troca de ar do interior do carro.
O ar-condicionado tende a fazer o ar circular dentro do veículo – às vezes sem a necessária renovação com o do exterior. Se o vírus estiver na cabine, irá se espalhar mais facilmente entre os ocupantes.
Higienizar com frequência as superfícies é outro ponto destacado pelo médico, que trabalha também no Hospital Sírio Libanês. A limpeza deve ser feita em todas as partes tocadas por motorista e passageiros. No caso do condutor, o especialista cita cinco áreas que merecem atenção: volante, alavancas de câmbio e de freio de estacionamento, maçanetas (internas e externas) e teclas dos vidros elétricos, além dos comandos de som, por exemplo. Para a higienização, o especialista recomenda uso de álcool com 70% de concentração ou uma solução com água e detergente.
Aos passageiros, especialmente os de táxis e carros de aplicativo, Yassine recomenda tocar o mínimo possível nas superfícies. “O ideal é mexer só onde é necessário. Afivelar o cinto de segurança, fechar a porta e ponto final.”
Segundo o médico, o vírus pode resistir de dois a três dias em um banco de couro, e de cinco a sete dias em assentos de tecido. A limpeza deve ser refeita toda vez que houver um “movimento novo”, como mexer em dinheiro ou em máquina de cartão, por exemplo.
Para impedir que o veículo se transforme em um vetor de contaminação, Yassine diz que é fundamental que quem tiver sintomas do coronavírus não saia de casa. O médico lembra que um motorista profissional (de táxi ou aplicativo) pode entrar em contato com 30 pessoas em um dia normal de trabalho.
Ele também aconselha a prática da “etiqueta respiratória” pelo motorista e ocupantes do carro. “Deve-se usar máscara e cobrir o rosto com o antebraço ao espirrar ou tossir”.
Volante é foco
Uma pesquisa realizada nos EUA no ano passado apontou o volante como a parte mais suja do carro. E a cabine pode ter mais bactérias do que um assento sanitário. O estudo, feito por um portal de aluguel de carros, mediu a quantidade média de bactérias existente por centímetro quadrado, ou unidades formadoras de colônias (CFU, em inglês). Foram encontradas 629 CFU no volante, ante a média de 172 CFU em assentos de vasos sanitários. (O Estado de S. Paulo/Hairton Ponciano)