Carga Pesada
Mundo relativamente estável das concessionárias de caminhões passou por agito nesta virada de ano. Talvez até inédito, desde a vigência da Lei Renato Ferrari, também conhecida por Lei Abrave, de novembro de 1979
A mexida nesse tabuleiro de xadrez ocorreu no Sul de Minas, pedaço do Estado onde a mineirice atinge plena expressão, seja pela devoção à Nossa Senhora Aparecida, à chorosa música sertaneja ou no falar típico com erre carregado.
Envolve a Via Trucks (DAF de Contagem/MG) e a Sancar, sediada em Muriaé/MG. A primeira foi constituída para a distribuição dos produtos DAF desde o seu surgimento em Ponta Grossa (PR). Já a Sancar representa a continuação da Santos Carvalho, dedicada à Ford desde 1921. Ou seja, há 99 anos, cuja comemoração ocorrerá no próximo 5 de maio. Embora antiga na marca, a Sancar virou DAF.
Pelo estipulado na nomeação, a Via Trucks teria como área operacional todo o Estado, excluído o Triângulo Mineiro. Para tanto, dependendo da evolução das vendas dos cavalos-mecânicos DAF, haveria o compromisso de se instalar com Casa no Sul de Minas.
Ocorre que as vendas surpreenderam os mais otimistas. Em maio de 2019, a Via Trucks contratou o experiente consultor de vendas – 24 anos de pasta – Sérgio Gaudêncio Costa para atuar na região. Paralelamente, foram adiados os investimentos em montagem de instalações locais. Nisso a Ford anuncia a descontinuação de sua operação com caminhões.
Virada
Fato consumado, a Sancar que já possuía uma Casa em Campanha, localizada na rodovia Fernão Dias (km 776,5), viu-se disponível e atraída pela oportunidade e iniciou negociações bem concluídas com a DAF, visando representá-la. Inicialmente em Guarulhos (SP). Finalmente, os interesses comuns evoluíram para a praça do Rio de Janeiro, além da vizinha Zona da Mata e, claro, o Sul de Minas. Foi o que explicou Eron Carvalho, diretor da Sancar, acrescentando que a concessionária de Campanha já está identificada como DAF. A primeira unidade foi entregue a um cliente de Formiga (MG), em 5 de fevereiro, data considerada seu marco zero.
Em novo cenário, Sérgio Gaudêncio transferiu-se para a Sancar e esta virou Sancar Pontual, apresentando novo desenho societário, com o qual pretende iniciar operações no Rio, no segundo semestre. De acordo com números do consultor, o Sul de Minas detém a participação de mercado igual a 10,0% (2019) nas vendas de caminhões pesado (HDV), considerando todo o Estado (6.756 unidades). Já em DAF a participação foi de 11,5%, após ter ‘arrasado’ no ano anterior com 28,8%, respectivamente 41 e 75 unidades.
Conforme disse, Minas ainda é o segundo estado em comercialização de pesados. Supera o Paraná, de pendores inatos para os brutos de PBTC elevado. Quanto ao fenômeno DAF, Sérgio – cuja carreira começou na Volvo (Treviso), no mesmo Sul de Minas – o resume com seu jeito: “O DAF entrega o que promete e o motorista gosta de guiá-lo”. Sem se afastar desta ‘máxima’, ele visita o passado e conta sua vivência em viradas. “Em 1999, a Scania lançou o modelo T 124 e ele não pegou logo de cara, ao contrário dos Volvos FH e NH. Quando chegou o ano 2000, a marca de Curitiba foi líder em pesados”. (Carga Pesada)