O Estado de S. Paulo
Os números apresentados há alguns dias pela Petrobrás deixam clara a estratégia brasileira para se tornar um dos principais players globais da energia fóssil. A produção de óleo bruto em 2019 atingiu, em média, 2,172 milhões de barris por dia (b/d), aumento de 6,7% em relação a 2018 e superior à meta de 2,1 milhões de b/d. A produção total de petróleo e gás natural atingiu, em média, 2,77 milhões de b/d equivalentes (+5,4% em relação a 2018), alcançando 3,03 milhões de b/d no último trimestre – período em que a alta foi de 13,7% comparativamente ao quarto trimestre de 2018. São números expressivos que a Petrobrás pretende repetir em 2020.
É clara a ênfase da empresa na exploração e na extração de óleo. Isto é, o País não vai esperar que a commodity perca espaço num mundo cada vez mais preocupado com o meio ambiente e com a ameaça representada pelo consumo intenso de combustíveis fósseis.
A Petrobrás parece querer extrair a maior quantidade possível de petróleo bem antes de que uma nova matriz energética, com ênfase em preocupações ambientais, se torne impositiva. Isso poderá levar uma década ou mais, mas já influencia a política da companhia. Empresas de energia têm de planejar para o longo prazo.
Simultaneamente, a empresa intensifica as exportações de óleo bruto, que cresceram 25,2% entre 2018 e 2019, ano em que a média diária exportada foi de 536 mil barris. O recorde ocorreu em novembro, com 767 mil barris/dia exportados.
A política da Petrobrás assemelha-se mais à de uma empresa privada de petróleo. Essa política ainda é objeto de saudosismo de parte do pessoal que recorda os tempos em que a empresa agia como braço do Estado, destinando maiores verbas a iniciativas de cunho social. Foi o que lembrou Rosângela Buzanelli, eleita representante dos empregados no conselho de administração da Petrobrás. “A visão hoje é de empresa privada”, disse Rosângela ao jornal Valor. É e deve ser, embora ela discorde.
A Petrobrás começou a ser saneada nas administrações Pedro Parente e Ivan Monteiro. Na atual gestão, presidida por Roberto Castello Branco, exibe resultados crescentes. Exemplo disso foi a absorção por investidores, há alguns dias, da maior colocação de ações da história brasileira: R$ 22,06 bilhões em ações ordinárias da Petrobrás pertencentes ao BNDES. (O Estado de S. Paulo)