O Tempo
Completando 70 anos de atuação no Brasil neste mês, a montadora de tratores e retroescavadeiras New Holland prevê crescimento de 10% em 2020. A expectativa é ancorada na retomada no mercado de construção civil, no aumento de locação de veículos pesados e no avanço do agronegócio no país neste ano.
O percentual de crescimento é balisado pela expectativa total do mercado, calculada Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). “Como empresa com ações listadas na Bolsa, a New Holland Construction não fala de expectativas antes de divulgar dados aos investidores oficialmente”, ressaltou a New Holland.
Atualmente, a planta da empresa no Brasil, que fica em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, produz cerca de 10 mil unidades por ano, com 60% da capacidade da fábrica em atuação. Só no município, são quase 1.500 funcionários, entre contratados diretos e indiretos.
Entre 2018 e 2019, o setor avançou 7% em faturamento no país, indo de R$ 77,01 bilhões a R$ 82,4 bilhões. Apesar disso, a expectativa era de que o crescimento estivesse na casa dos 8%, em parte por causa da reativação de máquinas ociosas. Porém, no ano passado, apenas as exportações foram intensificadas no mercado, avançando 1,5%, contra queda de 8,4% nas vendas internas e 19,1% na produção.
A matriz brasileira da New Holland produz veículos para toda a América Latina, com Chile, Panamá e Equador como grandes clientes. A vice-presidente da empresa para a América do Sul, Paula Araújo, conta que a falta de infraestrutura no Brasil pode ser uma locomotiva para a expansão do mercado de veículos pesados.
“Há apenas 12% de rodovias pavimentadas no país, mesmo com 60% da produção industrial sendo escoada pelo asfalto. Quando falamos de saneamento também, 35% dos brasileiros não têm acesso ao fornecimento de água, situação que demanda obras. Temos oportunidade de usar esse potencial na retomada no crescimento”, diz.
Sustentabilidade e tecnologia devem marcar o setor nos próximos anos, defende Paula. A New Holland traçou uma estratégia fortemente baseada nesses princípios. Em especial, a executiva cita veículos ancorados na tecnologia 5G, que podem chegar ao Brasil após a infraestrutura de rede necessária ser instalada, o que deve ocorrer no país a partir de 2021.
“Nossa campanha de comemoração dos 70 anos é baseada no futuro. Não trazemos hoje os veículos com 5G em função das restrições de tecnologia. Contudo, eles já são usados em outros mercados, e, assim que o cenário brasileiro estiver pronto, vamos trazê-los”, conclui.
História
Antiga Moto Agrícola Indústria e Comércio, inaugurada em 1950, a empresa se fundiu em 1967 com a Diesel Motor Indústria e Comércio, se transformando na Tratores Fiat do Brasil. Dois anos depois, o grupo italiano compra a fábrica em Contagem.
Na virada do próximo século, em 1992, a holding europeia se funde à Ford New Holland, o que culminou, em 2005, na unificação global da marca – quando, enfim, o parque industrial em Contagem ganha o nome que tem atualmente: New Holland Construction. (O Tempo/Lucas Negrisoli)