Jornal do Carro
Durante o verão, as fortes chuvas costumam castigar São Paulo. Entre os maiores problemas estão as enchentes, que podem causar grandes danos ao veículo e prejuízo a seu proprietário. Para recuperar um carro alagado por uma enchente, a conta varia de R$ 500 a mais de R$ 20 mil, dependendo dos componentes afetados.
Se a água tiver invadido apenas a parte do assoalho, o serviço é mais simples. Mesmo assim, é preciso desmontar o interior do automóvel, retirando console, carpetes e feltros para secagem individual. Na Stetic Car (3872-8811), em Diadema, na Grande São Paulo, a higienização para um Fiat Uno parte de R$ 500.
Nos casos em que a água alcança o painel, todo o cuidado é necessário para secar os módulos eletrônicos do veículo. Quanto mais sofisticado o modelo, mais caro será o serviço. “É um trabalho minucioso para desmontar, limpar e remontar o carro”, afirma Luiz Lopes, dono da Lucar (2021-4444), na zona leste. Na oficina, o serviço para importados pode chegar a R$ 30 mil.
Ao se deparar com um local alagado, o melhor é dar meia volta. Se não for possível, só tente atravessar a enchente se a água não ultrapassar a metade da roda. Mantenha a primeira marcha e siga em velocidade baixa para não formar ondas. Não dê a partida novamente se o carro morrer para que o motor não aspire água. E se a inundação subir rapidamente, desligue o veículo e procure abrigo.
Danos causados por enchentes estão cobertos
Desde o início dos anos 2000, todas as seguradoras passaram a incluir na cobertura básica os danos causados por enchentes. “Para pequenos alagamentos, que não superam a franquia, temos uma cláusula de assistência que cobre higienização do veículo até R$ 800”, diz Jaime Soares, superintendente da Porto Seguro Auto.
Além de pagar pela recuperação do veículo, independentemente do estrago, as empresas também indenizam os clientes em caso de perda total. “Quando os danos ultrapassam em 75% o valor do carro, o reparo não vale a pena”, afirma Adriano Fernandes, superintendente da Yasuda Marítima.
O calço hidráulico, que ocorre quando a água entra nos cilindros do motor e impede o curso dos pistões, podendo até deformar os componentes, é outro fator que geralmente não tem recuperação. Outras fatalidades comuns nesta época do ano, como quedas de árvores ou incêndios causados por fios de alta tensão que atingem o carro devido a postes caídos, também fazem parte da cobertura.
“A melhor dica é tentar não transitar nos horários de chuvas fortes nas áreas mais movimentadas e populosas. Muitos acidentes e desconfortos podem ser evitados”, diz Jabis Alexandre, diretor geral de Automóvel do Grupo BB e Mapfre.
Não deu para passar
O seu carro ficou preso na enchente e você não sabe o que fazer? A depender do nível da água, o primeiro passo é chamar um guincho para recolher o veículo e transportá-lo até uma oficina. O valor do reboque pode ser até mais barato do que você pensa. A Guinchos Blue, por exemplo, cobra cerca de R$ 200 para transportar um carro.
O serviço pode aumentar, é claro, a depender das circunstâncias do alagamento. A empresa cobra uma taxa extra de R$ 150 se for necessário tirar o carro de uma garagem no subsolo. Para veículos mais pesados, como blindados, é cobrada mais uma taxa de R$ 50. E, claro, a depender da distância necessária, o valor do serviço aumenta.
Chegando à oficina, é preciso fazer uma higienização. Esse serviço pode variar de R$ 1 mil a mais de R$ 25 mil para quem tiver o veículo alagado. Os fatores que interferem vão desde as partes do carro que ficaram sob a água (ou lama) até os componentes elétricos e mecânicos afetados.
A 360 Estética Automotiva, na Lapa, faz esse tipo de serviço em até três dias úteis, a partir de R$ 1,2 mil. Eles dividem a lavagem em três tipos diferentes: quando a água chega até o assoalho do carro, quando ultrapassa o nível dos bancos e do câmbio e quando o carro fica completamente submerso.
Carpete precisa ser seco
De qualquer forma, independentemente do nível da água, será necessário trocar o feltro do carpete e a manta do assoalho. O material se estraga e não adianta apenas secar e limpar. Os bancos e as portas são desmontados e, a depender do nível da água, os testes elétricos começam a ser feitos.
Podem ser afetados pela água da enchente os vidros elétricos, lâmpadas de pisca-alerta e faróis, por exemplo. As empresas também fazem testes no motor. “É interessante fazer uma limpeza técnica do motor, mas às vezes não é afetado”, diz Dante Roos, supervisor de vendas da Lavepark.
Ele detalha que a limpeza do motor é feita com um desengraxante diluído, que é pulverizado. O produto então é espalhado com um pincel ou esponja e removido com uma flanela. Por fim, é aplicada uma base de silicone para proteger mais as partes metálicas e emborrachadas.
“Também recomendamos a troca do filtro do ar-condicionado e aplicação de ozônio, que é um eliminador de bactérias e de odores, porque às vezes fica o resquício do cheiro no couro”, conta. Na Lavepark, o serviço começa a partir de R$ 1 mil e é feito em cerca de quatro dias, mas o tempo úmido pode torná-lo um pouco mais lento.
O que fazer depois
Se o carro foi pego numa enchente, é até possível fazê-lo funcionar com a limpeza e verificação de alguns componentes. Na Motorfast, na zona sul da capital, uma verificação pode partir de R$ 1 mil a R$ 1.500. Além da verificação do estado da parte elétrica e eletrônica, todos os fluidos devem ser trocados, como óleo de motor e câmbio.
Caso tenha entrado água nos cilindros, o procedimento consiste em retirar as velas e fazer o motor girar. Isso deve expulsar a água pelos alojamentos das velas naturalmente. No entanto, o motor só poderá voltar a funcionar se não tiver ocorrido calço hidráulico. O calço ocorre quando água é comprimida no lugar do ar, podendo até quebrar bloco ou bielas do motor.
Se o motor tiver tais danos catastróficos, a conta pode se elevar muito. Pode ir de cerca de R$ 5 mil para a troca do bloco de um Chevrolet Onix 1.0, a cerca de R$ 20 mil para modelos mais sofisticados. Para carros importados ou de alto desempenho, o “céu é o limite” para os valores de reparos. (Jornal do Carro)