O Estado de S. Paulo
Os aplicativos de transporte, como Uber, 99 e Cabify, são apenas o início de uma mudança estrutural na forma de as pessoas se locomoverem em grandes cidades. O ápice deverá ocorrer com a chegada dos carros autônomos, na próxima década. As montadoras já acordaram para a nova realidade e, ao lado de gigantes de tecnologia, começaram a modificar seu próprio modelo de negócio para lucrar pelo uso, e não mais com a venda, de veículos. Segundo especialistas, há outros segmentos que podem ter de se reinventar com as mudanças do setor, como o de estacionamentos.
A Estapar, que tem o banco BTG Pactual entre seus sócios e fatura R$ 1,4 bilhão por ano, testa uma série de novos serviços. As vagas individuais para carros podem virar ponto de embarque para app de transporte, bicicletário, oficina mecânica e ponto de locação de veículo.
Sob pressão
A Multipark, outra empresa de grande porte do segmento, que administra 280 garagens em 15 estados, acredita que o estacionamento vai se tornar um hub de mobilidade.
Os estacionamentos já sentem o efeito dos aplicativos de transporte: levantamento da Fipe aponta que só as viagens realizadas pela 99 liberaram 78 mil vagas em São Paulo por dia. A frota cresceu nos últimos dez anos em mais de 2 milhões de veículos, mas a Fenabrave diz que a participação dos frotistas praticamente dobrou, atingindo 43% no fim de 2018.
Hoje, uma das principais clientelas de locadoras são os motoristas de aplicativos, que não estacionam. Para o sócio da PwC e especialista em mobilidade urbana Marcelo Cioffi, os estacionamentos devem sofrer mais com a mudança para carros compartilhados que as montadoras, porque esses veículos tendem a rodar o máximo de tempo possível. “A redução do uso de espaços urbanos para estacionar é algo positivo, tanto do ponto de vista do fluxo do trânsito quanto do uso desses espaços para outros fins, como parques”, diz Cioffi. (O Estado de S. Paulo/Fernando Scheller)