Jornal do Carro
O motor 1.0 está voltando aos seus dias de glória. De janeiro do ano passado para o mês passado, a participação dele no mercado subiu de 36% para 46,6%. São mais de dez pontos porcentuais de alta. E tudo indica que a tendência deve continuar.
Com o movimento de downsizing (redução de cilindrada com melhoria de eficiência e economia de consumo), aos poucos as montadoras foram lançando propulsores 1.0 de três cilindros, mais modernos.
Num primeiro momento, eles substituíram as unidades 1.0 de quatro cilindros. Em uma segunda fase, a chegada dos 1.0 turbo começaram a substituir os motores aspirados de cilindrada maior, caso de 1.4 e 1.6, por exemplo.
O novo Chevrolet Onix está puxando para cima a participação dos 1.0. A nova geração do modelo (tanto hatch como sedã) é produzida somente com os novos motores 1.0, aspirado (82 cv) e turbo (116 cv). O primeiro entrou no lugar da antiga unidade 1.0 de quatro cilindros. O segundo substituiu o 1.4.
Além do Onix, o motor estará também no novo Tracker. A nova geração do SUV estreia no mês que vem, com duas opções de motor turbo (1.0 e 1.4).
Motor 1.0 turbo está em quatro modelos da Volkswagen
Ao lançar o novo HB20, no fim do ano passado, a Hyundai apresentou também o motor 1.0 turbo Kappa TGDi, com injeção direta e 120 cv. O modelo anterior já oferecia 1.0 turbinado, mas com injeção indireta. Além dele, o modelo da marca sul-coreana também oferece as unidades aspiradas do 1.0 (80 cv) e 1.6 (130 cv).
Outro motor que tem contribuído para a elevação de participação dos 1.0 é o TSI da Volkswagen. Atualmente, ele equipa o SUV T-Cross (abaixo), o hatch Polo, o sedã Virtus e o subcompacto Up!. Nos três primeiros, rende 128 cv. No Up!, gera 105 cv. Além dos quatro modelos, ele estará também no novo SUV Nivus (que a marca lança ainda neste semestre).
A FCA está um pouco atrasada para a festa, mas deve lançar ainda este ano as versões turbo dos motores Firefly 1.0 e 1.3. O primeiro renderá cerca de 120 cv, e é cotado para o Jeep Renegade. Já o 1.3 terá duas faixas de potência (150 ou 180 cv), e é cotado para o Jeep Compass e a picape Fiat Toro.
Com o lançamento dos novos produtos equipados com o motor 1.0 turbo, tudo indica que em breve a participação dos modelos de baixa cilindrada irá ultrapassar a faixa de motores entre 1.0 e 2.0 (atualmente em 51,8%).
Ascenção, queda e ascensão dos 1.0
Em 1990 o governo decidiu conceder incentivos (em forma de redução de impostos) para a produção de carros com motor 1.0. Naquele ano, a Fiat, pioneira, lançou o Uno Mille. Como a concorrência demorou um pouco para entrar na disputa, no primeiro ano o segmento representou apenas 4,3% do mercado, com 23.013 veículos.
Mas a partir de então a participação foi crescendo ano a ano, como pode ser conferido na tabela abaixo, publicada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, Anfavea. O pico de participação foi obtido em 2001, com 69,8% do mercado.
A partir daí, a curva começou a cair. Em 2012, pela primeira vez desde 1994, ela ficou abaixo de 40%. Agora, porém, a recuperação aparentemente começou. (Jornal do Carro)