O Estado de S. Paulo
Após o temor mundial em relação ao coronavírus ter elevado fortemente a aversão ao risco, os mercados fecharam o dia em alta e com um alívio importante. As Bolsas em Nova York zeraram as perdas, viraram para o campo positivo e renovaram cotações máximas no encerramento da sessão.
No Brasil, a influência de Wall Street levou o Ibovespa a praticamente zerar as perdas que vinham ocorrendo ao logo do dia de ontem. A melhora do humor do mercado global se deu após a Organização Mundial de Saúde (OMS) não ter imposto restrições a viagens e comércio com a China em função do surto, embora tenha declarado emergência global de saúde pública. Isso, no entanto, já havia sido antecipado pelos investidores mais cedo.
Em Nova York, os principais índices acionários passaram o dia no vermelho, mas, na reta final, o ímpeto vendedor perdeu fôlego. Tal comportamento se replicou no Ibovespa, que chegou a operar na casa de 112 mil pontos, mas terminou em alta de 0,12%, aos 115.528,04 pontos, puxada por ganhos no setor de siderurgia. Na semana, o Ibovespa acumula perda de 2,41%, com ajuste negativo a 0,10% no mês.
Apesar do alívio perto do fim do dia, “a pressão de vendas no mercado de ações deve prosseguir até que se tenha um sinal mais claro sobre a contenção do vírus e em que extensão a demanda global será afetada”, diz Márcio Gomes, analista da Necton.
“A volatilidade vai persistir: são poucos dias desde que a doença passou a preocupar, tem mais coisa ainda pela frente para que se tenha alguma clareza sobre a extensão disso”, diz Pedro Galdi, analista da Mirae.
Dólar
A moeda norte-americana subiu ante emergentes e recuou em relação a divisas fortes. Diante do real, a moeda dos EUA terminou com valorização de 0,90% no mercado à vista, a R$ 4,2574 – maior valor desde 27 de novembro, mas longe do pico da sessão, em R$ 4,2725.
“O dia foi de moedas emergentes fracas e dólar forte”, afirma o sócio e gestor da Absolute Invest, Roberto Serra. “Não vejo o real em situação de vulnerabilidade”, disse ele. Assim, o real acompanha outras moedas de países emergentes e exportadores de commodities.
Na América Latina, o real e o peso chileno têm sido as moedas mais afetadas pelo vírus, ressaltou ontem a consultoria inglesa Capital Economics: “A queda nos preços do petróleo e de metais causada pelos temores sobre o coronavírus causou grande impacto nos mercados financeiros da região nas últimas semanas.” O dólar já acumula alta de 6,12% aqui no ano, nível próximo ao do Chile, de 6,02%. (O Estado de S. Paulo/Luís Eduardo Leal, Maria Regina Silva, Gabriel Bueno da Costa e Altamiro Silva Junior)