Revista Amanhã
No setor automotivo, o Brasil ainda está longe de alcançar os recordes de alguns anos atrás. Mas durante coletiva de imprensa realizada na última terça-feira (28) em Porto Alegre, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, se mostrou confiante de que a crise que se instalou no país em 2014 está sendo revertida. Em relação a 2018, o ano passado fechou em alta em diversos aspectos. O mercado interno cresceu para veículos (+8,6%) e caminhões (+33,3), apesar de ter sofrido uma queda de 8,4% no setor de máquinas agrícolas e rodoviárias – único que fechou o ano com saldo positivo em exportação, tendo um aumento de 1,5%.
A exportação de automóveis caiu 31,9% de 2018 a 2019, ocorrência atribuída à crise da Argentina, principal país parceiro do Brasil no mercado automotivo e responsável por 60% das exportações. Em termos de valores, 2018 rendeu US$ 14,5 bilhões ao setor automotivo brasileiro, enquanto 2019 fechou na casa dos US$ 9,8 bilhões. Em contrapartida, as produções de carros e caminhões cresceram, respectivamente, 2,3% e 7,5%. Foram os números do setor de caminhões, inclusive, que mais sofreram com a crise. Dessa vez, o cenário mais complicado ficou para o de máquinas agrícolas e rodoviárias, que diminuiu 19,1%.
Os números revelam um cenário que se encaminha para a estabilidade, mas que ainda requer atenção. Para Moraes, a palavra de ordem é que, no Brasil, deve-se estar preparado para qualquer situação. “Precisamos continuar fazendo nossa lição de casa como país”, ressaltou, elencando as reformas tributárias e da previdência como essenciais para que as expectativas positivas se mantenham. Na ótica de Moraes, as projeções para este ano acabam sendo otimistas por diversos aspectos. Segundo o presidente da Anfavea, a retomada do emprego pode sustentar a alta do consumo, bem como a inflação controlada e os juros no menor patamar histórico, que acabam favorecendo o financiamento de veículos. “A baixa da Selic também estimula os bancos a reduzirem a taxa CDC, do consumidor, o que vem acontecendo e é bem favorável para o setor”, avalia. Segundo ele, os investidores também têm olhado para o Brasil com um olhar mais positivo: o país, atualmente, apresenta uma taxa de risco perto de 117. No período da crise, ela chegou em 494.
Posição privilegiada
Independente do cenário, a região Sul segue sendo de extrema importância para os bons resultados do setor. De acordo com Moraes, o Rio Grande do Sul foi o estado que mais cresceu na contribuição da produção nacional de veículos em 2019, produzindo 317 mil unidades, o equivalente a 10,7% do total. Já o Paraná conseguiu aumentar sua participação na produção, passando de 12,4% em 2018 para 15% no ano passado. Santa Catarina continua estável, com 0,3% da participação.
Para Moraes, a região está em uma posição muito privilegiada. “O Sul está perto de um mercado importante, a Argentina. Isso traz várias vantagens que temos de aproveitar e explorar muito mais”, afirma. O setor do agronegócio, de muito destaque, também é positivo, ajudando o setor de veículos pesados e transporte de cargas. “Vemos com muitos bons olhos esse momento pelo qual estamos passando. Acho que o Brasil pode ser o celeiro do mundo, e com certeza o agronegócio vai continuar liderando a economia, pois é um fator importantíssimo que gera emprego”, anteviu. Moraes ainda garantiu que a Anfavea está trabalhando para colaborar com o debate de redução de custos no país. Segundo ele, o consumidor ainda paga muito caro pelos automóveis devido a altos impostos, burocracia e logística deficiente, algo que afeta todos os estados. (Revista Amanhã/Eduarda Pereira)