O Estado de S. Paulo
O grupo automotivo brasileiro Caoa informou ontem que estuda construir nova fábrica no Estado de São Paulo. A declaração foi feita após o governador João Doria (PSDB) ter antecipado a informação durante evento realizado pela manhã na capital paulista. O governador também confirmou que o Caoa desistiu oficialmente de tentar comprar a fábrica da Ford no ABC paulista, fechada desde outubro.
A Ford, por sua vez, voltou a dizer que há outros “potenciais compradores interessados e engajados em conversações em relação às instalações de São Bernardo do Campo”. A montadora também afirmou que continua fazendo todos os esforços cabíveis para alcançar um resultado positivo nas negociações.
Segundo fontes do mercado, uma das possíveis interessadas seria a chinesa BYD, que já produz ônibus em Campinas (SP) e tem planos de fabricar caminhões que hoje são importados. A matriz da empresa, que teria sido procurada por Doria, não comenta o assunto.
Investimento “forte”
De acordo com o governador, o grupo Caoa, do empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, fará um investimento “forte” no Estado em parceria com um fabricante chinês, sem revelar o montante, o nome do parceiro e o tipo de produto que será produzido (caminhões, automóveis ou ambos).
O anúncio, segundo Doria, deve ser feito ainda neste ano. A empresa também não deu detalhes sobre o projeto.
Doria disse também que não está definido em qual cidade deverá ser instalada a nova fábrica. O grupo Caoa já tem uma unidade em Anápolis (GO), onde produz veículos da marca coreana Hyundai e é dono de 50% das operações da chinesa Chery com planta em Jacareí (SP). Além disso, é o maior revendedor Ford do País.
As declarações do governador foram feitas após sua participação em evento da indústria calçadista, em São Paulo. Segundo ele, o negócio entre Ford e Caoa não se consolidou porque o parceiro chinês do grupo queria um “espaço físico maior” para a produção.
No entanto, o que se afirmava nos bastidores do setor é que Caoa dependia de financiamento do BNDES para poder comprar a fábrica, mas o banco informou não dispor de linhas para essa finalidade.
Fontes do mercado avaliam que seriam necessários até R$ 2 bilhões em investimentos para aquisição da fábrica e modernização da linha de produção para atender às novas normas de emissão de poluentes que serão obrigatórias para caminhões.
As negociações com a Ford duraram dez meses e em setembro, quando ainda estavam em andamento, o próprio Andrade disse que apenas metade da área seria suficiente para suas pretensões. Um mês depois, ele disse que as chances de aquisição da fábrica eram “remotas”.
Parceria
Na ocasião, Andrade afirmou também que estava conversando com três empresas chinesas e pelo menos uma delas havia manifestado interesse em produzir carros no Brasil. Essa parceria, segundo ele, poderia não envolver a fábrica da Ford caso fosse confirmada.
Segundo o executivo, os chineses inclusive estariam dispostos a uma parceria em que a empresa brasileira ficaria com 51% das ações – ou seja, teria o controle majoritário do negócio. À época, contudo, ele não falou em uma nova fábrica nem que o negócio seria em São Paulo. (O Estado de S. Paulo/André Ítalo Rocha e Cleide Silva)