Goiana vai produzir primeiro carro conectado

Diário de Pernambuco

 

O primeiro veículo conectado da Fiat Chrysler Automóveis (FCA) para a América Latina vai sair da fábrica de Goiana, em Pernambuco, a mais moderna do grupo no mundo. E já em 2021, provavelmente no Compass. A ideia é que o carro seja uma plataforma como um smartphone que, além de ser usado para o deslocamento, também sirva como um espaço para trabalhar, se comunicar, acessar informações e entretenimento e realizar pagamentos. Inclusive, a FCA anunciou ontem parceria com a Visa do Brasil. Em uma cocriação, as duas empresas vão desenvolver uma solução de pagamento.

 

A expectativa é que a inovação facilite toda a jornada do dia a dia dentro do veículo, como o pagamento de estacionamento, abastecimento de combustível, pedágios e até mesmo lanches comprados em um drive thru, entre outros serviços. Tudo sem o uso do cartão físico através do próprio carro. “Outro ponto é que o veículo poderá se conectar ao wifi e fazer as atualizações necessárias sem precisar ir em uma concessionária. Ou seja, todo o sistema do veículo será constantemente atualizado, assim como já se faz com o celular”, explica Thiago Oliveira, gestor de TI da planta de Goiana da FCA.

 

Ainda como parte da busca por soluções inovadoras para o carro conectado, a FCA lançou um desafio com o Sebrae chamado de “Como utilizar o carro como plataforma móvel para criar soluções”. A ideia é buscar startups que apresentem inovações que possam ser empregadas no veículo. A startup selecionada vai receber um aporte de R$ 100 mil a ser usado no projeto de pesquisa e desenvolvimento, além de receber mentorias especializadas.

 

Todas as medidas fazem parte do processo de constante transformação digital da FCA, que chega, inclusive, à produção da fábrica de Goiana. Vários processos já estão sendo transformados na planta com a inovação embarcada, resultado na redução do tempo de produção e nos custos. “Na parte da manufatura, o comissionamento virtual identifica possível falhas antes da instalação da linha, apontando os gargalos e introduzindo as mudanças mais rapidamente. Na parte da pintura, é possível identificar problemas ainda na fase do projeto sem a necessidade de construir um protótipo. Na parte de qualidade, a medição e regulagem das partes móveis, que eram feitas manualmente, agora são digitais”, explica o gestor.

 

O processo de montagem também passou por uma otimização com a transformação digital e ganhou em sustentabilidade. “No início, para fechar o controle de qualidade, precisava de 49 páginas. Hoje são só duas. Para uma delas já temos alternativa para eliminar, e o processo deve ser totalmente digital no primeiro semestre de 2020”, detalha Maikol Moreira, analista de Manufatura.

 

Todo o processo de transformação digital abre espaço e oportunidades para os próprios funcionários da planta da Jeep. “Por trabalharem na fábrica mais moderna da FCA do mundo, eles estão sempre cercados de muita tecnologia e começam a pensar em como podem melhorar os processos e o trabalho deles mesmo. Facilita também a média de idade de 29 anos, os mais jovens já nascem sabendo lidar com a tecnologia. E os funcionários são as pessoas que, durante a produção, sentem as dores e eles mesmo dão ideias de projetos para melhorias dos processos, não vêm só dos niveis hierárquicos mais altos. Assim, eles também ajudam a melhor e encurtar os processos e garantir mais qualidade para os clientes”, conclui Thiego Oliveira. (Diário de Pernambuco/Luciana Morosini)