O Estado de S. Paulo
Aplicativos de transporte compartilhado, como Uber, 99 e Cabify, estão perto de se tornar uma solução de mobilidade tão popular quanto o carro próprio no Brasil. Segundo estudo da consultoria BCG, revelado com exclusividade ao ‘Estado’, 55% dos brasileiros das classes A, B e C já utilizam esses serviços ao menos uma vez por semana. Já o uso de um veículo próprio é prática frequente para 58% das pessoas nessas faixas sociais, afirma o levantamento.
Os números sobem de acordo com a classe social do usuário: na classe C, cerca de 52% das pessoas utilizam os apps ao menos uma vez por semana. Na classe A, esse índice salta para 70%.
Há disparidade entre cidades grandes (62%) e pequenas (apenas 37%). Segundo a pesquisa, as mulheres também utilizam mais que os homens – 60% delas viajam com apps de transporte ao menos uma vez por semana, contra 50% deles, respectivamente, em uma preferência motivada pela insegurança no uso do transporte público.
Para Régis Nieto, sócio da consultoria, chama a atenção a velocidade com que se deu essa transformação – vale lembrar que os primeiros serviços de transporte compartilhado começaram a operar no Brasil em torno de 2014. “Há uma mudança de paradigma interessante”, avalia o especialista. “Mas ainda há poucas pessoas que utilizam apenas aplicativos. O mais comum é vermos uma multiplicidade de modais de transporte”, explica, citando táxi, transporte público e bicicleta como opções.
No bolso
Realizada com 1,5 mil pessoas, a pesquisa buscou medir ainda o interesse e o custo das pessoas manterem um carro na garagem. De acordo com o levantamento, dois terços dos usuários assíduos de aplicativos de transporte possuem seu próprio veículo, enquanto entre usuários ocasionais o índice cai para 55%. Além disso, cerca de 10% das pessoas que participaram da pesquisa disseram não ter um carro nem interesse em comprar um.
Segundo o BCG, para quem percorre menos de 5 mil quilômetros por ano, vale mais a pena se locomover apenas utilizando os apps do que manter um carro na garagem. Ainda de acordo com o levantamento, cerca de 15% a 20% dos brasileiros das classes A, B e C se encontram nessa situação.
Para fazer o cálculo, a consultoria levou em conta fatores como custo do carro, depreciação ao longo de cinco anos, combustível, seguro e manutenção. “A depreciação do valor do veículo é o principal fator: pode haver queda de até 20% em dois anos, um valor que as pessoas não costumam considerar”, diz Nieto. (O Estado de S. Paulo/Bruno Capelas)