Indústria de São Paulo recua 1,4% em setembro

O Estado de S. Paulo

 

A produção industrial cresceu em 10 das 15 regiões pesquisadas no País, na passagem de agosto para setembro. No entanto, a indústria de São Paulo, maior parque fabril brasileiro, encolheu 1,4%. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional, divulgados pelo IBGE.

 

Na média nacional, o setor industrial escapou do negativo, com um avanço de 0,3%.

 

“Parece que a indústria se saiu melhor do ponto de vista regional, mas pior do ponto de vista setorial”, avaliou Rafael Cagnin, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

 

A queda na produção paulista em setembro foi puxada pela menor fabricação de veículos, num esforço de evitar acúmulo de estoques, e de alimentos, com a destinação de maior parte da cana-de-açúcar à produção de etanol em vez de açúcar.

 

A despeito de impactos pontuais no mês, a indústria local tem sido afetada pelos mesmos fatores conjunturais que atrapalham a produção nacional, segundo o IBGE. O parque fabril de São Paulo, o mais diversificado do País, ainda tem o desempenho prejudicado pela redução nas exportações para a Argentina, pela demanda doméstica fraca por conta do mercado de trabalho precário e pelo elevado nível de incertezas, que adiam decisões de investimentos de empresários e de consumo das famílias, enumerou Bernardo Almeida, analista da

 

Coordenação de Indústria do IBGE

 

No terceiro trimestre, a produção industrial em São Paulo recuou 0,8% em relação ao segundo trimestre deste ano. Na média global da indústria, houve uma alta de 0,3% no terceiro trimestre ante o segundo.

 

Extração

 

“Muito do resultado no terceiro trimestre ante o segundo trimestre vem do setor intermediário, do avanço do setor extrativo. Como São Paulo não tem extração, a indústria local fica mais no negativo”, justificou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.

 

Na passagem do segundo trimestre para o terceiro trimestre, os bens intermediários cresceram 1,2%, pela recomposição da produção da indústria extrativa após a tragédia do rompimento da barragem da mineradora Vale na região de Brumadinho, em Minas Gerais. No mesmo período, a fabricação de bens de capital recuou 0,7%, enquanto a de bens de consumo duráveis diminuiu 0,4%. A produção de bens semiduráveis e não duráveis ficou praticamente estagnada, com ligeira alta de 0,1%.

 

Para Rafael Cagnin, do Iedi, o cenário é mais favorável que o da virada do ano, mas a perda na indústria paulista acende um sinal amarelo, por conta da diversificação da produção local.

 

“São Paulo é o que tem o parque mais complexo, é a indústria em que o crescimento seria capaz de se auto sustentar e disseminar para o resto do País. São Paulo é um motor industrial”, disse Cagnin.

 

Os próximos meses podem trazer notícias melhores, tendo em vista os esperados impactos de medidas como a liberação de saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que deve aumentar o consumo das famílias, e a redução na taxa básica de juros, que ajuda a baratear o crédito.

 

“Continuo relativamente mais otimista com o fim de ano mais favorável. São Paulo é um elemento importante para isso, mas tem esse sinal amarelo”, alertou. (O Estado de S. Paulo/Daniela Amorim)