O que está acontecendo com o design dos carros?

Jornal do Carro

 

Hyundai HB20 (da primeira geração), Fiat Toro e Jeep Renegade são exemplos de carros com design revolucionário, que se tornaram atípicos e facilmente reconhecíveis. Mas segundo fontes ouvidas pelo Jornal do Carro, são três exemplos de dor de cabeça na hora da renovação, como mostrou o novo HB20.

 

“É difícil manter o fôlego quando se cria um design tão inovador”, afirmou uma das fontes. A citação em questão leva em conta que carros com um projeto visual facilmente reconhecível e disruptivo tendem a sofrer para conseguir manter o mesmo nível nas próximas gerações.

 

É impossível agradar a gregos e troianos. E o Hyundai HB20 aprendeu isso na prática com a chegada da segunda geração. Com ela, ouviu desde sonoras negativas quanto ao seu design, a burburinhos de canto de boca de quem não gostou. A realidade é que as linhas da segunda geração não trouxeram um impacto esperado, como da primeira. E na verdade perderam parte do apelo moderno e único que a linguagem de ‘escultura fluída’ da Hyundai trazia.

 

A nova linguagem, utilizada em todos seus carros, de ‘esportividade sensual’ não agradou. E tem recebido críticas também lá fora. Além do HB20, está nessa situação o novos Hyundai Azera, Palisade e Sonata. A tentativa de manter o “pique” de algumas marcas ainda depende de estúdios de design concentrados em alguns lugares do mundo. E as vezes não levam em conta as peculiaridades para produtos locais.

 

No caso do HB20, um produto criado e desenvolvido para o Brasil, a renovação foi feita à distância, já que a Hyundai não tem um estúdio de design local. E ele foi produzido sem proximidade com o mercado local e com as preferências do consumidor.

 

Falta de investimento gera design ruim

 

Em alguns casos, como Fiat e Volkswagen, há investimento maciço em design com grandes estúdios locais para garantir a criação ideal do produto local ou a adaptação correta de um carro global. Um exemplo é o Polo, que ganhou uma dianteira diferente para o Brasil em relação à europeia.

 

A Fiat desenvolveu a Toro por completo aqui e está trabalhando também no SUV que será derivado da picape, inspirado pelo conceito Fastback. Esses carros que hoje estão nas ruas surgiram de massivos investimentos quatro, cinco anos atrás.

 

“Se hoje estamos em uma maré estranha, é possível ver que em quatro ou cinco anos vamos entrar em uma nova fase. Os investimentos estão começando novamente, mas os produtos ainda levarão um novo ciclo para surgir”, disse a fonte.

 

Ela também citou como exemplo negativo o fechamento do centro de design que a GM tinha em São Caetano do Sul (SP) e que era um dos maiores da companhia.

 

Há itens importantes para garantir a previsibilidade de sucesso de um produto em relação ao visual. Entre eles, conhecimento do mercado onde será vendido, interação próxima com a equipe de marketing que vai entregar os dados do que o consumidor procura e inovação.

 

E o que será de produtos marcantes?

 

A fonte consultada pelo Jornal do Carro fez um exercício de futurologia a nosso pedido. Ela aposta que modelos como o Jeep Renegade vão “beber na mesma fonte” que o Land Rover Defender. O modelo vai adiante, seguir com seu próprio visual, mas com pequenas inserções de design que vão remeter ao antigo ou a elementos que são caros à marca. No caso do SUV, um exemplo são as sete barras da grade frontal. (Jornal do Carro)