Otimismo entre os pequenos empreendedores

O Estado de S. Paulo

 

O fraco desempenho da economia, marcado pela lenta recuperação da produção e das vendas, tem frustrado boa parte dos empresários, em particular os dos empreendimentos de menor porte, mas é notável a persistência do otimismo entre os empresários dos setores de comércio varejista e de serviços. De cada dez entrevistados, sete estão confiantes em relação ao futuro da economia, como apurou o Indicador de Confiança da Micro e Pequena Empresa elaborado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

 

Esse dado, de exatamente 66,9%, se refere ao mês de setembro. É menor do que o de agosto, de 70,4%, e bem inferior ao aferido em janeiro, no início do governo do presidente Jair Bolsonaro, quando o otimismo atingiu 82,2%, o maior porcentual do ano. Mas, dadas as dificuldades pelas quais a economia passa, continua sendo bastante expressivo.

 

Em boa parte, segundo a pesquisa, o otimismo se deve ao fato de que 40% dos entrevistados concordam com as medidas adotadas pelo governo, mas não há menção direta a ações específicas do Executivo; outros 35% disseram não ter motivo concreto.

 

“O empresariado acaba sendo mais otimista com a sua empresa do que com a situação do País, porque aposta em fatores que estão ligados às suas estratégias de negócio”, avalia o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior. “Mesmo com a economia patinando, muitos acreditam que uma boa gestão pode minimizar os efeitos externos negativos”.

 

Essa atitude parece explicar também o fato de que, com relação às perspectivas para seus negócios, 76% dos empresários disseram estar confiantes em algum grau, enquanto apenas 6% se disseram pessimistas. Entre os otimistas, 29% disseram esperar reação das vendas nesta época do ano, 28% mencionaram investimentos no próprio negócio como forma de melhorar os resultados e 28% apontaram a boa gestão como fator de desempenho acima do esperado.

 

É curioso, porém, o fato de que a avaliação predominante do momento atual para a atividade econômica e para os negócios é muito discrepante da que se faz da situação futura. Dos micros e pequenos empresários consultados, 34% disseram que as condições gerais da economia pioraram; na outra ponta, 31% acham que houve melhora na situação do País. (O Estado de S. Paulo)