Previsões negativas da Renault assustam o setor automotivo

Gazeta do Povo/Bloomberg

 

A Renault cortou as previsões de receita e lucro culpando a mau desempenho da economia mundial e as normas mais rígidas sobre as emissões de gases. A decisão colocou o setor automotivo europeu em alerta.

 

Na última sexta-feira (18), as ações da montadora francesa tiveram a maior queda desde a prisão do ex-presidente Carlos Ghosn, no ano passado.

 

Entre os motivos para a redução das previsões estão o mau desempenho em alguns mercados, como Turquia e Argentina, e as despesas com pesquisa e desenvolvimento. As perspectivas sombrias revelam que a montadora não estaria preparada para enfrentar uma desaceleração do setor.

 

A CEO interina, Clotilde Delbos, que assumiu há uma semana, anunciou aos funcionários que a empresa precisa “fazer escolhas” nas despesas. As relações com a Nissan são tensas e analistas estão levantando preocupações sobre balanço e dividendos.

 

“O alerta sobre os lucros chega num momento de grande instabilidade da Renault e de sua parceira Nissan”, explica Arndt Ellinghorst, analista da Evercore ISI. “Os temores dos investidores muito provavelmente aumentarão”.

 

Nesta sexta-feira, a agência de rating Standard & Poor’s atribuiu perspectivas negativas à nota de risco da Nissan com a motivação que a indústria automotiva pode enfrentar um cenário desafiador para o próximo ano ou dois por causa da queda de vendas nos principais mercados, como América do Norte e China.

 

As vendas frearam também na Europa. A redução foi de 1,6% nos últimos nove meses, de acordo com a Associação Europeia das Montadoras de Automóveis.

 

Renault prevê uma redução de 3% a 4% na receita desse ano e a margem operativa é estimada em 5%, abaixo das estimativas anteriores de 6%.

 

“Fizemos um corte significativo nos dividendos e acreditamos que a Renault pode cogitar a venda de ativos, incluindo ações da Nissan, para equilibrar as contas”, afirma o analista Philippe Houchois.

 

A montadora francesa já sofreu um golpe no primeiro semestre por causa do fraco desempenho da Nissan. Detentora de 43% das ações da empresa japonesa, a Renault depende há muito tempo de dividendos para segurar os investimentos. A Nissan prevê o pior lucro operacional numa década pela diminuição de vendas nos Estados Unidos e na Europa.

 

A empresa japonesa substituiu também o CEO e a questão chave é se agora a nova diretoria conseguirá tomar medidas drásticas para melhorar a lucratividade”. (Gazeta do Povo/Bloomberg)