O Estado de S. Paulo
Devagar, quase parando, a indústria automobilística só produzirá este ano 2,1% mais que em 2018, segundo a nova estimativa da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Pela projeção anterior, a produção cresceria 9%. A fabricação de veículos é um dos principais motores da atividade industrial, por seus impactos nos setores de autopeças, metais, borracha, couro, vidro e plásticos, para ficar só nos exemplos mais evidentes. Segundo o Ministério da Economia, uma recuperação mais firme da atividade começaria em setembro. Os últimos números do ramo automobilístico tornam a aposta menos segura.
No mês passado, as fabricantes de veículos produziram 8,3% menos que em agosto e venderam 3,3% menos no mercado interno. Há dados positivos, mas a recuperação é lenta, em parte atribuível à crise argentina. No ano, a produção de veículos foi 2,9% maior que a de janeiro a setembro de 2018. O mesmo tipo de comparação indica aumento de 9,9% nas vendas. Em um ano, o número de empregados diminuiu de 132,5 mil para 127,9 mil. Em setembro de 2016, na fase final da recessão, eram 129,7 mil funcionários.
Produção e vendas internas de autoveículos foram maiores que as de setembro do ano passado, com ganhos de 10,9% no primeiro caso e de 35,6% no outro. Também houve ganhos importantes na produção (+14,2%) e vendas de caminhões (+35,6%), na comparação com setembro de 2018. Mas os negócios com máquinas agrícolas e rodoviárias enfraqueceram de um ano para outro – um sinal de cautela, talvez, do setor agropecuário. Houve quedas de 16,6% na fabricação e de 5,2% nas vendas internas desses equipamentos.
Especialmente custosa para o setor automobilístico tem sido a recessão na Argentina, principal destino dos veículos exportados pela indústria instalada no Brasil. As exportações de veículos montados diminuíram de 39,4 mil unidades em setembro do ano passado para 36,6 mil, com recuo de 7,1%. No período de janeiro a setembro, as vendas externas passaram de 524,3 mil unidades para 337,5 mil, com diminuição de 35,6%.
A menor atuação das montadoras brasileiras em outros grandes mercados é em boa parte explicável pelo acordo setorial com a Argentina. Em 3 de outubro esse pacto foi renovado mais uma vez, para valer até 30 de junho de 2029. (O Estado de S. Paulo)