Locadoras de veículos recuam com projeto de lei que restringe venda de seminovos

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Na parte da manhã desta quarta-feira, as ações da Movida (MOVI3), Unidas (LCAM3) e Localiza (RENT3) operam com perdas expressivas na bolsa paulista, reagindo à notícia do Valor Econômico sobre a tramitação de um projeto de lei na Câmara dos Deputados que restringe os benefícios fiscais das empresas do setor para a venda de carros seminovos.

 

Os papéis da Movida têm perdas de 4,42% a R$ 14,72; os da Localiza cedem 3,06% a R$ 43,05; e os da Unidas recuam 3,76% a R$ 48,84.

 

O projeto, de autoria do deputado Mário Heringer (FHER3) (PDT-MG), questiona o sistema de venda direta das montadoras, canal responsável por 49% das vendas em setembro.

 

O ponto de questão é que a venda direta traz um desconto de até 35%, além do desconto do ICMS. Essa forma de negócio é um incômodo há anos para as concessionárias, uma vez que as locadoras, que são os principais clientes dessa modalidade, revendem os carros depois de pouco tempo com preços inferiores aos praticados nas revendas tradicionais.

 

O texto do parlamentar visa estabelecer limite a venda sem tributação, podendo acontecer somente após 24 meses da compra. O problema é que a disputa também atinge as montadoras, que não querem abrir mão do modelo que sustenta a venda da maior parte dos carros novos. Para essas fabricantes, já há sinais de mudanças nos hábitos de consumo e isso sustenta manter a venda direta.

 

A Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, destaca que cada vez é maior o interesse dos consumidores por serviços de transporte terceirizado, como o Uber. Desta forma, cada vez menos consumidores têm interesse em ter o próprio carro. Isso, de acordo com a entidade, faz com que as vendas do varejo recuem e as diretas avancem. Há quatro anos, esse canal absorvia 28% das vendas. No ano passado ficou em 42%. Em agosto estava em 46% e em setembro passou para 49%.

 

Ao jornal, o deputado afirmou que a ideia do projeto de lei é acabar com os privilégios de algumas categorias, sendo contrário à renúncia fiscal que beneficia as locadoras.

 

O presidente da Associação Brasileira de Locadoras de automóveis (Abla), Paulo Miguel, disse ao Valor que a venda de carros não é a atividade principal das locadoras, e sim a desmobilização de ativo usado para a prestação de um serviço.

 

O Valor destaca ainda que a venda de seminovos tem peso importante na geração de receita da Localiza, Movida e Unidas, que no segundo trimestre representaram 58%, 65% e 55%, respectivamente.

 

A associação do setor de locação e veículos informou que o setor vendeu 230 mil veículos seminovos no ano passado, sendo que mais da metade dessa frota foi comprada por lojas multimarcas e concessionárias. O restante foi comercializado nas lojas das próprias locadoras. (InfoMoney/Diana Cheng)