O Estado de S. Paulo
Há um conjunto de notícias positivas sobre as operações de crédito realizadas pelas instituições financeiras em agosto, permitindo supor que a atividade econômica possa ser favorecida pela ampliação da oferta de recursos. Um dos dados mais relevantes está no aumento da demanda de empréstimos das empresas medida pelas concessões de crédito, que em agosto cresceram 5,4% sobre julho e 10% em relação a agosto de 2018.
É nítido o contraste entre as concessões, que representam empréstimos novos ou renovações, e o estoque de operações de crédito. O estoque aumentou 1,1% entre julho e agosto, para R$ 3,326 trilhões, com alta de 1% no caso das pessoas jurídicas e de 1,1% no das pessoas físicas. Mas, na comparação de 12 meses, houve queda de 1,5% nos saldos de empréstimos às pessoas jurídicas. Cabe observar, a partir de agora, se as companhias continuarão procurando crédito.
Um segundo aspecto relevante das Estatísticas Monetárias e de Crédito do Banco Central (BC) está no crescimento mais acentuado das operações com recursos livres. Neste caso, os saldos das pessoas jurídicas cresceram 8,6% em 12 meses, atingindo R$ 826,4 bilhões, e os das pessoas físicas avançaram 15% em igual período, para R$ 1,038 trilhão. As concessões de recursos livres para empresas aumentaram 2,9% em relação a julho e 11,5% comparativamente a agosto de 2018, mas caíram 3,6% entre julho e agosto para pessoas físicas. Só nas últimas semanas o crédito direcionado para empresas voltou a crescer com força.
A melhora do crédito já aparece nos números agregados, pois a relação entre o crédito e o Produto Interno Bruto (PIB) passou de 46,9% em julho para 47,2% em agosto.
Os dados sobre o comportamento do crédito foram bem recebidos por economistas do BC e agentes privados. “Há sinais de que está começando a melhorar o giro das empresas”, disse um economista da associação das financeiras (Acrefi). Para o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, houve “retomada do crescimento (do crédito), uma vez que em agosto o saldo teve uma pequena redução”.
O custo do crédito teve leve queda, mas segue alto, mesmo excluindo o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito. O juro do rotativo (307,2% anuais) revela aguda falta de educação financeira de quem usa tal modalidade de crédito. (O Estado de S. Paulo)